Mensagens internas do governo, a que o diário Washington Post teve acesso, mostram que as embaixadas dos EUA e o Departamento de Estado instaram, entre outros, Lesoto, Índia, Vietname e Bangladesh, sujeitos desde abril a taxas alfandegárias respetivamente de 50%, 26%, 46% e 37%, a eliminar barreiras para empresas da área dos satélites, principalmente a Starlink.
O jornal assegura que os documentos não mostram que Washington "tenha exigido explicitamente favores para a Starlink a troco de taxas mais baixas", mas indicam "que o secretário de Estado, Marco Rubio, deu cada vez mais instruções aos funcionários para que pressionem para obter aprovações regulatórias para a empresa de Musk, quando a Casa Branca está a querer conversações comerciais de largo alcance".
O Washington Post exemplifica com o Lesoto, que, menos de duas semanas depois de Trump anunciar taxas alfandegárias "recíprocas" de 50% para o país africano, assinou com a empresa de Musk um contrato a 10 anos, o primeiro de um serviço de internet por satélite que o pequeno país faz.
"Enquanto o governo do Lesoto negoceia um acordo comercial com os EUA, espera que a concessão de licenças a Starlink demonstre boa vontade e a intenção de acolher empresas norte-americanas", segundo uma das mensagens consultadas pelo jornal.
Por outro lado, Washington Post consultou fontes conhecedoras das negociações comerciais com a Índia, as quais consideram que, apesar de "não ser um elemento explícito das conversações", estes entendimentos com a empresa de Musk representam "um importante lubrificante que facilita um acordo".
O último país a assinar um acordo com a Starlink foi a República do Congo, a que Trump sujeitou a uma taxa de 10%, a qual assinou em 03 de maio a concessão à empresa de Musk, que com este passa a operar em quase metade dos países do continente africano.
A promoção da Starlink está em linha com o objetivo de Washington de se impor globalmente a Pequim no mercado das telecomunicações e dar assim um grande apoio a um aliado chave de Trump, a quem deu enormes quantidades de dinheiro para a campanha presidencial de 2024.
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