A Voice of America (Voz da América, em português) não opera desde meados de março por causa dos cortes de financiamento determinados pelo Presidente norte-americano Donald Trump, que criticou a estação e serviços semelhantes, como a Radio Free Europe/Radio Liberty (Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade), por promoverem uma agenda noticiosa com um pendor liberal, noticiou a agência Associated Press (AP).
A decisão desencadeou disputas judiciais que ainda não foram resolvidas. Mas Kari Lake, representante de Trump na Agência dos Estados Unidos para os Media Globais, o braço financiador destes serviços, revelou que contactou a OAN, que se ofereceu para fornecer notícias e vídeos gratuitamente.
Lake considerou esta parceria "um enorme benefício para o contribuinte americano".
A One America News Network (OAN) é pró-Trump. Recentemente, a cadeia promoveu uma investigação sobre os primeiros dias de Trump no cargo, intitulada "100 Dias Dourados".
O seu correspondente na Casa Branca, Daniel Baldwin, disse que "o presidente Donald Trump inaugurou uma nova era de prosperidade americana em apenas 100 dias --- a fronteira fechada, a inflação erradicada, as mulheres protegidas, investimentos em abundância".
Baldwin também conquistou a simpatia do presidente através de perguntas feitas em entrevistas aos jornalistas.
Numa reunião no Sala Oval, Baldwin disse que os anteriores líderes norte-americanos não tinham convicção para iniciar negociações com a Rússia.
"O que lhe deu coragem moral e convicção para dar um passo em frente e liderar isto?" perguntou a Trump, que respondeu: "Ah, eu adoro este tipo".
A forma como a OAN é utilizada na Voice of America está nas mãos da rádio, garantiu Charles Herring, presidente da OAN, à AP.
"Nós simplesmente procuramos ajudar quando solicitados", frisou.
Pouco antes de interromper as operações em meados de março, a Voice of America cancelou os contratos com serviços noticiosos como a AP, a Reuters e a AFP.
Por lei, a Voice of America é obrigada a fornecer uma mistura de notícias equilibrada aos países onde opera, lembrou Steve Herman, antigo correspondente de longa data no país.
A agência para os media globais liderada por Lake também não deve ditar o seu conteúdo, acrescentou.
Numa mensagem nas redes sociais, Lake reconheceu que não tem controlo editorial sobre o que é transmitido pela Voice of America.
"Mas posso garantir que os nossos media têm opções fiáveis e credíveis enquanto trabalham na elaboração das suas reportagens e programas de notícias", apontou.
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