"O cessar-fogo (...) por ocasião do 80º aniversário da Grande Vitória já começou", noticiou a agência noticiosa oficial russa RIA.
Conforme anteriormente anunciado por Moscovo, a trégua estará em vigor durante as próximas 72 horas, até à meia-noite de 11 de maio.
A Ucrânia nunca aceitou esta trégua e descreveu-a como uma manobra de comunicação, apelando, em alternativa, a um cessar-fogo de 30 dias.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse ainda que a Ucrânia não pode garantir a segurança dos líderes estrangeiros convidados para as cerimónias do Dia da Vitória, na sexta-feira na capital russa, uma declaração recebida pelo Kremlin como uma ameaça.
Tal como fez com a breve trégua da Páscoa, não respeitada, Putin afirmou ter tomado a decisão por razões humanitárias e apelou a Kyiv para seguir o exemplo.
Entre os nomes mais aguardados para as cerimónias que assinalam na sexta-feira o triunfo da União Soviética sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial, o presidente chinês, Xi Jiping, chegou hoje ao aeroporto de Vnukovo, em Moscovo, onde deverá permanecer vários dias.
O presidente brasileiro, Lula da Silva, também já se encontra em Moscovo, 15 anos após a sua última visita e a chegada do avião presidencial foi transmitida em direto pela televisão russa.
A Rússia confirmou na terça-feira a presença de 29 chefes de Estado e de governo na parada militar, entre os quais o primeiro-ministro eslovaco, o populista Robert Fico, que deste modo se distancia dos restantes parceiros da União Europeia.
Quase todos os líderes dos países ocidentais estarão ausentes, incluindo os Estados Unidos, sendo uma das exceções o presidente sérvio, o nacionalista populista Aleksandar Vucic, que já aterrou em Moscovo, apesar dos avisos de Bruxelas de que os líderes dos países candidatos à União Europeia não deviam comparecer.
O Aeroporto Internacional de Domodedovo, no sul da capital russa, suspendeu hoje temporariamente as suas operações devido aos persistentes ataques de 'drones' ucranianos contra a região de Moscovo, informaram as autoridades aeronáuticas da Rússia.
"Restrições temporárias às chegadas e partidas de aeronaves foram estabelecidas a partir das 19:15, hora de Moscovo [17:15 em Lisboa]", revelou o porta-voz da agência aeronáutica Rosaviatsia, Artyom Koreniako, na rede Telegram, quando começaram a chegar à capital russa vários líderes estrangeiros.
Nos últimos dois dias, segundo a Rosaviatsia, foram desviados 186 voos para aeroportos de reserva.
Apesar disso, o porta-voz da presidência, Dmitry Peskov, disse hoje que a trégua "da parte russa, do presidente Putin, continua em vigor".
Sobre os ataques aos aeroportos moscovitas, Peskov disse que a oposição à paz por Kyiv "justifica a continuação da operação militar especial", designação da invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada em fevereiro de 2022.
O porta-voz afirmou que Putin não emitiu novas ordens relativamente aos ataques com 'drones', apesar de, ao anunciar as tréguas, ter ordenado ao exército que respondesse energicamente a qualquer provocação.
Embora a Casa Branca tenha dito inicialmente que não apoiava cessar-fogos temporários, mas sim uma cessação duradoura das hostilidades, o presidente dos EUA, Donald Trump, apoiou esta semana a iniciativa de Putin.
"Como sabem, o presidente Putin acaba de anunciar um cessar-fogo de três dias, o que não parece muito, mas é muito", disse.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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