Ao anunciar uma primeira conversa telefónica com o presidente dos EUA que decorreu na quinta-feira, o novo líder alemão disse na estação de televisão ZDF que queria "encorajar e incitar o governo norte-americano a deixar que a política interna na Alemanha continue a ser um assunto interno e a manter-se longe destas considerações políticas partidárias".
O Governo norte-americano adiantou hoje que felicitou o novo chanceler alemão.
"Continuaremos a trabalhar com a Alemanha e o seu próximo governo para garantir a segurança dos Estados Unidos e da Europa", garantiu a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, numa breve declaração.
Nenhuma outra autoridade americana comentou imediatamente a eleição de Merz, que foi eleito com dificuldade, tendo de ultrapassar duas voltas de votação no Bundestag.
O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, e o secretário de Estado, Marco Rubio, tinham criticado na sexta-feira ferozmente a decisão do Governo alemão de rotular o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) de "extremismo de direita".
Na sua primeira entrevista como chanceler, concedida à estação de televisão pública alemã ZDF, Merz considerou os comentários de Rubio como absurdos.
"São observações absurdas sobre a República Federal da Alemanha. Sempre tive a sensação de que nos Estados Unidos sabem distinguir muito claramente entre partidos extremistas e partidos centristas", salientou Merz na sua entrevista.
Merz planeia viajar para Paris e Varsóvia na quarta-feira para relançar as atividades internacionais do Governo alemão.
O novo governo de Friedrich Merz já prometeu acelerar o rearmamento da Alemanha face à crescente ameaça russa e à incerteza da proteção militar americana.
Friedrich Merz manifestou hoje a sua "considerável preocupação" com a situação em Gaza e exigiu que Israel, para onde vai enviar o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, "respeite as suas obrigações humanitárias".
"Israel tem o direito de se defender" contra o Hamas, mas "deve também continuar a ser um país que respeita as suas obrigações humanitárias", afirmou o novo líder alemão no canal de televisão pública ARD.
"Especialmente onde esta guerra horrível está a acontecer atualmente, na Faixa de Gaza, onde este conflito com os terroristas do Hamas está necessariamente a acontecer", acrescentou.
"A ajuda humanitária deve ser entregue à Faixa de Gaza", frisou ainda Merz.
O chanceler alemão indicou também que o seu novo ministro dos Negócios Estrangeiros, Johann Wadephul, vai viajar para Israel no final da semana "a seu pedido".
A Faixa de Gaza, onde quase todos os seus 2,4 milhões de habitantes já foram deslocados, muitas vezes, desde o início da guerra, está sob forte bloqueio de Israel desde 02 de março e está no meio de uma grave crise humanitária.
E na segunda-feira, o Governo israelita anunciou uma nova campanha militar que inclui a conquista da Faixa de Gaza e uma deslocação em massa da sua população dentro do território.
Após a sua vitória nas eleições legislativas, no final de fevereiro, Friedrich Merz demonstrou a sua proximidade com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: após uma conversa telefónica, garantiu que poderia viajar para a Alemanha, apesar do mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o líder israelita.
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