"Confirmamos relatos de três civis mortos, incluindo uma criança", referiu o ministro da Defesa paquistanês, Khawaja Asif, à agência France-Presse (AFP), acrescentando que a Índia "atingiu vários alvos, todos civis".
A Índia disse que executou uma série de ataques com mísseis que visaram "infraestruturas terroristas" no território paquistanês, em retaliação pelo ataque de 22 de abril na Caxemira indiana e que já foi ripostado pelas forças de Islamabade.
O primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, considerou a ação indiana um "ato de guerra" e destacou que o seu país tem todo o direito de dar uma resposta, garantindo que "uma resposta forte está de facto a ser dada".
Sharif disse que toda a nação está com as Forças Armadas do Paquistão e que a moral e o espírito do povo paquistanês estão elevados.
"A nação paquistanesa e as Forças Armadas do Paquistão sabem muito bem como lidar com o inimigo. Nunca deixaremos que o inimigo tenha sucesso nos seus objetivos nefastos", apontou.
A televisão estatal paquistanesa adiantou que a força aérea do Paquistão abateu dois jatos indianos na sequência de um ataque da Índia.
O ministro da Informação do Paquistão, Ataullah Tarar, revelou que o Paquistão vai convocar o seu Comité de Segurança Nacional às 06:00 (em Lisboa) de quarta-feira, um órgão composto por altos funcionários civis e militares que se reúne apenas em casos extremos.
Em 24 de abril o comité tinha anunciado uma série de sanções diplomáticas contra a Índia em retaliação por medidas semelhantes tomadas por Nova Deli logo após um ataque mortal em Caxemira, pelo qual a Índia culpa o Paquistão.
A Índia lançou ataques com mísseis contra nove locais que albergam "infraestruturas terroristas" localizados em território paquistanês, anunciou Nova Deli na quarta-feira (hora local). De acordo com um responsável de segurança paquistanês, os ataques ocorreram nas cidades de Bahawalpur, Kotli e Muzaffarabad.
Desde que homens armados mataram 26 homens na Caxemira administrada pela Índia, a 22 de Abril, a comunidade internacional teme uma nova conflagração entre as duas potências nucleares, vizinhas e rivais desde a sua dolorosa partição em 1947.
Nova Deli acusou imediatamente Islamabad pelo atentado, que não foi reivindicado.
Mas a polícia indiana disse estar à procura de pelo menos dois cidadãos paquistaneses entre os atacantes e os seus cúmplices, e diz que estão ligados ao LeT, o movimento 'jihadista' Lashkar-e-Taiba, sediado no Paquistão, já suspeito dos ataques que mataram 166 pessoas em Bombaim em 2008.
Um dos locais visados durante a noite pelo exército indiano foi a Mesquita Subhan, em Bahawalpur, que os serviços de informação indianos disseram estar ligados a grupos próximos do LeT, principalmente o Jaish-e-Mohammed (JeM).
"A nossa ação é direcionada, ponderada e visa evitar qualquer escalada. Nenhuma instalação militar paquistanesa foi atacada", salientou o Governo indiano em comunicado, acrescentando que demonstrou "considerável contenção".
"Estamos, portanto, a cumprir o nosso compromisso de garantir que os responsáveis por este ataque são responsabilizados", acrescentou.
Antes do ataque, Nova Deli tinha acabado de ameaçar "cortar a água" que irriga o Paquistão, em retaliação pelo ataque mortal de 22 de abril.
A Índia - o país mais populoso do mundo, com 1,4 mil milhões de habitantes - e o Paquistão - com 240 milhões - possuem ambos armas nucleares e Forças Armadas poderosas.
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