Sexta-feira, o Serviço Federal para a Proteção da Constituição (BfV, na sigla em alemão) apresentou no tribunal administrativo da cidade de Colónia, no oeste do país, uma queixa em que considera a AfD como um movimento "extremista de direita", o que deverá permitir que seja colocado sob forte vigilância, bem como uma ameaça à "ordem democrática".
"Rejeitamos claramente as declarações do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que acusou o 'establishment' alemão de reconstruir o Muro de Berlim, e posso também reafirmar que as insinuações que contêm são infundadas", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, Sebastian Fischer, numa conferência de imprensa.
Sexta-feira, pouco depois de Berlim ter designado a AfD como extremista, o secretário de Estado norte-americano recorreu às redes sociais para acusar a Alemanha de "tirania disfarçada".
"A Alemanha acaba de dar à sua agência de espionagem novos poderes para controlar a oposição. Isto não é democracia, é tirania disfarçada", escreveu Rubio na rede social X, apelando às autoridades alemãs para "inverterem o rumo".
"O que é realmente extremista não é a popular AfD - que ficou em segundo lugar nas últimas eleições - mas sim as políticas de imigração de fronteiras abertas das autoridades, às quais a AfD se opõe", disse o chefe da diplomacia da Administração de Donald Trump.
Além de Rubio, o vice-Presidente dos Estados Unidos, JD Vance, também lançou críticas à Alemanha.
"A AfD é o partido mais popular na Alemanha e, de longe, o mais representativo da Alemanha de Leste. Agora, os burocratas estão a tentar destruí-la", publicou Vance na rede social X.
"O Ocidente derrubou em conjunto o Muro de Berlim. Foi reconstruído, não pelos soviéticos ou russos, mas pelas autoridades alemãs", adiantou.
Hoje, a AfD apresentou também uma queixa contra a decisão do serviço de informação interna alemão e reiterou as palavras proferidas sexta-feira, considerando que a decisão do BfV constitui "um golpe na democracia alemã" e uma decisão "motivada politicamente".
O partido "continuará a defender-se legalmente contra estas difamações, que são perigosas para a democracia", afirmaram na sexta-feira os líderes da AfD, Alice Weidel e Tino Chrupalla, num comunicado.
Para o BfV, ligado ao Ministério do Interior alemão, a ideologia da AfD, que "desvaloriza grupos inteiros da população na Alemanha e mina a sua dignidade humana", "não é compatível com a ordem democrática básica".
O Serviço Federal para a Proteção da Constituição destacou, em particular, "a atitude hostil geral do partido em relação aos migrantes e aos muçulmanos".
O serviço de informação interno da Alemanha já tinha classificado como "extremista" a organização juvenil da AfD, bem como vários braços regionais em estados da antiga Alemanha de Leste.
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