Durante uma conferência de imprensa em Jerusalém, Saar afirmou que os procedimentos do TIJ fazem "parte de uma perseguição sistemática e uma deslegitimação de Israel", mais de 50 dias após o estabelecimento de um bloqueio total à ajuda humanitária que entrava na Faixa de Gaza.
O ministro israelita criticou ainda as Nações Unidas, que supervisionam o TIJ, dizendo que "a ONU e a UNRWA [Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos] é que devem estar hoje no banco dos réus e não Israel".
"Se o TIJ continuar a ser utilizado de forma abusiva, como o Tribunal Penal Internacional (TPI), para fins antissemitas, perderá a sua credibilidade e legitimidade. O TPI já chegou a esse ponto. O TIJ está a caminho", disse Saar na conferência de imprensa, convocada para explicar a decisão de Israel de não participar nas audições no TIJ.
Hoje, o TIJ, sediado em Haia, começou a ouvir argumentos de quase 40 países sobre as obrigações de Israel em relação à presença e às atividades das Nações Unidas, de outras organizações e Estados no território palestiniano ocupado, incluindo a UNRWA, antes de emitir o seu parecer consultivo a pedido da ONU.
Durante a conferência, Saar repetiu a acusação de Israel de que a UNRWA está "infiltrada" pelo grupo islamita Hamas, que Israel combate na Faixa de Gaza, e detalhou alguns casos de funcionários que participaram nos ataques de 07 de outubro de 2023.
Saar observou ainda que nenhum outro país foi acusado no TIJ tanto como Israel, afirmando que isso demonstra a politização do tribunal da ONU.
Em dezembro passado, a Assembleia Geral das Nações Unidas solicitou ao TIJ que emitisse, com prioridade e com a máxima urgência, um parecer jurídico não vinculativo respondendo sobre o papel de Israel em relação a atuação, nomeadamente, das organizações internacionais em Gaza.
Devido ao bloqueio israelita, territórios como Gaza dependem em grande parte da ajuda humanitária de outros países e organizações, mas Israel bloqueia o acesso a Gaza a camiões carregados com alimentos, medicamentos e tendas desde 02 de março.
Antes da guerra, entravam diariamente uma média de 500 camiões [o que já era insuficiente para as organizações no terreno]. Além disso, no ano passado, Israel proibiu a UNRWA, uma agência de serviços sociais que presta serviços sociais a milhões de palestinianos, de operar em Israel. Esta proibição restringiu severamente as suas atividades em Gaza e na Cisjordânia ocupada, dada a sua dependência da coordenação com as autoridades israelitas.
O TIJ, o mais alto órgão judicial da ONU, não dispõe de ferramentas para fazer cumprir as suas decisões e, por isso, depende da vontade dos países em respeitar o direito internacional.
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