Troca de metais por investimento dos EUA faz parte do "plano" de Zelensky

A embaixadora da Ucrânia em Portugal, Maryna Mykhailenko, disse hoje à Lusa que a troca de metais preciosos existentes no território pela ajuda dos Estados Unidos da América (EUA) na guerra faz parte do plano do Presidente Volodymyr Zelensky.

embaixadora da Ucrânia em Portugal, Maryna Mykhailenko

© Horacio Villalobos#Corbis/Getty Images

Lusa
12/02/2025 14:13 ‧ 12/02/2025 por Lusa

Mundo

Ucrânia

"No 'plano de paz' do Presidente Zelensky, há um ponto - o ponto número quatro -- que proporciona este tipo de cooperação com diferentes países europeus", afirmou a embaixadora à agência Lusa, à margem de uma audição no parlamento português, explicando que o seu país precisa de investimento.

 

Apresentado em outubro de 2024 no parlamento ucraniano, depois de ter sido discutido com Washington, ainda com a administração norte-americana democrata de Joe Biden, o "plano da vitória" de Zelensky passava por um convite à Ucrânia para aderir à NATO, pela obtenção de permissão dos aliados para usar armas de longo alcance no território russo, pela criação de um pacote de dissuasão estratégica não nuclear em solo ucraniano e pela substituição, no período pós-guerra, de algumas tropas dos EUA posicionadas na Europa por soldados ucranianos.

Além disso, o plano incluía um ponto que visava a "proteção conjunta pelos EUA e pela União Europeia dos recursos naturais essenciais da Ucrânia e uso conjunto do seu potencial económico", medida que, segundo a embaixadora ucraniana, abrange a proposta do atual Presidente norte-americano, o republicano Donald Trump.

Numa entrevista divulgada na terça-feira, Trump garantiu que tinha com a Ucrânia um "acordo de princípio" para os Estados Unidos receberem 500 mil milhões de dólares em terras raras como pagamento pela ajuda militar de Washington a Kiev.

Trump explicou que a Ucrânia tem "terrenos valiosos em termos de terras raras, petróleo e gás e outras coisas", referindo-se à existência, no território ucraniano, de 17 elementos químicos essenciais para o desenvolvimento tecnológico, nomeadamente na criação de dispositivos eletrónicos como discos rígidos ou ecrãs de telemóveis.

"Quero o nosso dinheiro garantido. Disse-lhes que queria o equivalente a, digamos, 500 mil milhões de dólares por terras raras, e eles basicamente concordaram em fazer isso, para que pelo menos não nos sintamos estúpidos", afirmou Trump na entrevista.

Sublinhando à Lusa que o objetivo do Presidente norte-americano "não é nada ultrajante", a embaixadora garantiu, no entanto, que não há ainda nenhum acordo.

"As conversações entre a equipa do Presidente Trump com a equipa do meu Presidente [Zelensky] e com alguns dos líderes da União Europeia estão em curso, por isso não temos nenhuma proposta oficial do Presidente Trump, porque eles primeiro decidiram falar com diferentes partes e depois finalizar a sua proposta", explicou.

O plano de paz ucraniano "proporciona este tipo de cooperação" e "é por isso que estamos prontos para discutir esta questão com os nossos amigos americanos", acrescentou.

A embaixadora adiantou ainda que o secretário de Estado do Tesouro (equivalente ao ministro das Finanças) norte-americano deverá ir em breve à Ucrânia para discutir esta questão específica.

"Então, depois disso, perceberemos do que se trata", concluiu.

O anúncio da visita de Scott Bessent a Kiev foi avançado na terça-feira por Trump, sem referir datas específicas.

Numa mensagem publicada na sua rede social Truth, o Presidente norte-americano garantiu que a guerra "deve e vai ter um fim rápido" e sublinhou que os Estados Unidos "gastaram milhares de milhões de dólares com poucos resultados".

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

O conflito de quase três anos provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.

Leia Também: Embaixadora da Ucrânia em Portugal recusa "pré-condições" da Rússia

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