Iwao Hakamada, o japonês de 88 anos que passou mais de 50 anos no corredor da morte até ser absolvido no mês passado, recebeu um pedido de desculpas do chefe da polícia da província Shizuoka, no sudoeste de Tóquio.
Segundo a estação televisiva japonesa NHK, Tsuda Takayoshi, chefe da polícia da província de Shizuoka, visitou a casa de Hakamada, em Hamamatsu, esta segunda-feira, onde pediu perdão pelo "sofrimento mental" causado.
"Lamentamos ter-lhe causado um sofrimento mental indescritível e um fardo durante 58 anos. Lamentamos imenso", disse o responsável, enquanto fazia uma vénia.
Takayoshi garantiu ainda que a polícia local irá envidar todos os esforços para levar a cabo investigações mais exatas e adequadas, de forma a que casos semelhantes se voltem a repetir.
Le commissaire de police de Shizuoka s'est rendu au domicile d'Iwao Hakamada pour lui présenter ses excuses.
— Ryo Saeba | Japon XYZ (@Ryo_Saeba_3) October 21, 2024
Il a passé plus de 40 ans dans le couloir de la mort alors qu'il était innocent et que la police avait fabriqué les preuvespic.twitter.com/a9rshbVfjlhttps://t.co/3YsAvgcR64
No encontro esteve também a irmã de Hakamada, Hideko, de 91 anos, que agradeceu a visita ao chefe da polícia. Disse ainda que não valia a pena apresentar queixa contra Takayoshi após mais de 50 anos porque "não esteve envolvido no caso" e que só aceitou visita "porque queria que [o meu irmão] tivesse uma rutura clara com o seu passado de recluso no corredor da morte".
Hakamada, de 88 anos, foi condenado à morte em 1968 pelo assassínio de uma família e permaneceu na prisão até 2014, altura em que o tribunal anulou a sentença devido a dúvidas sobre a veracidade das provas e ordenou um novo julgamento.
A nova sentença, anunciada pelo juiz Koshi Kunii, do Tribunal de Shizuoka, reconhece que houve "falsificação de provas", pelas quais Hakamada foi incriminado pela acusação e pelas autoridades encarregadas da investigação do caso.
O tribunal de Shizuoka concordou em voltar a julgar Hakamada depois de este ter insistido que as provas que o incriminavam tinham sido fabricadas contra ele.
Com um estado mental debilitado após quase meio século atrás das grades, o antigo pugilista vai receber uma indemnização a determinar com base nos anos de prisão, desde que não haja recurso por parte da acusação.
Leia Também: Japão. É livre o homem que esteve mais tempo no corredor da morte