O voto secreto dos 193 Estados-membros da ONU na Assembleia-Geral resultou em 184 votos para a Dinamarca, 183 para o Panamá, 182 para a Grécia, 182 para o Paquistão e 179 para a Somália.
Todos os cinco candidatos já tinham estado no Conselho de Segurança anteriormente: Paquistão sete vezes, Panamá cinco vezes, Dinamarca quatro vezes, Grécia duas vezes e Somália uma vez.
Os cinco novos membros eleitos, que concorreram sem oposição aos respetivos assentos disponíveis para cada grupo regional, tomarão posse em 01 de janeiro de 2025 e exercerão funções até 31 de dezembro de 2026.
Vão substituir cinco países cujos mandatos de dois anos terminam em 31 de dezembro: Equador, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.
Os recém-eleitos irão juntar-se aos cinco membros permanentes do Conselho com poder de veto - Estados Unidos da América, Rússia, China, Reino Unido e França - e aos cinco países eleitos no ano passado: Argélia, Coreia do Sul, Eslovénia, Guiana e Serra Leoa.
As eleições deste ano aconteceram num momento de profunda divisão na dinâmica do Conselho, motivada por fortes discordâncias em relação à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza e também pelo conflito na Ucrânia.
Após a votação, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Grécia, Giorgos Gerapetritis, falou aos jornalistas na sede da ONU, em Nova Iorque, afirmando que Atenas aspira dar um novo significado à ideia de resolução pacífica de disputas, providenciar mais segurança para as crianças e mulheres em conflitos armados e abordar desafios globais, como a crise climática.
Questionado sobre o mais recente ataque de Israel contra uma escola da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), que matou dezenas de pessoas, o ministro helénico pediu uma investigação.
De acordo com Gerapetritis, "este pesadelo humanitário tem de parar", assinalando que a "responsabilização será algo muito importante" a ser trabalhado.
"A situação não pode demorar mais, amanhã pode ser tarde demais. Precisamos de um cessar-fogo imediato, da libertação dos reféns e da entrada de ajuda humanitária", instou.
Também o chefe da diplomacia dinamarquesa, Lars Rasmussen, falou com os jornalistas no final da eleição, destacando o papel que os membros não-permanentes do Conselho, independentemente da sua dimensão, podem ter dentro do órgão da ONU e na promoção de importantes resoluções.
"Queremos também reformas, porque o Conselho de Segurança já não reflete o mundo atual. Essa mudança não vai acontecer durante a noite, mas vamos continuar a lutar por reformas", assumiu.
"Estamos a enfrentar momentos geopolíticos críticos e ser membro do Conselho de Segurança é um desafio. Não só para manter a ordem mundial, mas também para a sobrevivência dos habitantes do planeta", disse, por sua vez, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Panamá, Janaina Tewaney, após a aprovação da candidatura do seu país.
Frequentemente considerado obsoleto, o Conselho de Segurança da ONU já é alvo de pedidos de reforma e expansão há décadas, com países emergentes como a Índia, África do Sul e Brasil a pretenderem juntar-se aos cinco membros permanentes.
Em geral, quase todos os países da ONU consideram necessário reformar o Conselho de Segurança, mas não há acordo sobre como fazê-lo, com diferentes propostas na mesa há anos, sendo que algumas englobam uma representação africana permanente no Conselho.
Ao longo dos anos, o poder de veto tem sido uma das questões mais polémicas e alvo de vários pedidos de modificação. Esse tem sido, aliás, o mecanismo usado pela Rússia para impedir que o Conselho de Segurança atue contra si face à guerra em curso na Ucrânia e usado pelos Estados Unidos para travar resoluções contra o seu aliado Israel.
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