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Antigo oficial alemão julgado por espionagem para a Rússia

Um ex-oficial do exército alemão admitiu hoje, no primeiro dia do seu julgamento, ter espionado em benefício da Rússia, explicando o seu ato com o desejo de evitar uma escalada nuclear na guerra na Ucrânia.

Antigo oficial alemão julgado por espionagem para a Rússia
Notícias ao Minuto

18:02 - 29/04/24 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

O homem, a quem o Ministério Público Federal se refere simplesmente como Thomas H., 54 anos, admitiu perante o tribunal de Dusseldorf ter transmitido informações ao consulado russo em Bona. "Foi mau, eu aceito", disse ao juiz.

O homem trabalhava com a patente de capitão no departamento principal de tecnologias de informação e logística da Bundeswehr (forças armadas), responsável pela gestão de equipamento militar.

Este departamento, que tem cerca de 12 mil funcionários, viu o seu trabalho aumentar significativamente desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, com a Alemanha a tornar-se no segundo maior fornecedor de ajuda militar a Kiev, atrás dos Estados Unidos.

Thomas H. foi preso em agosto de 2023 na cidade de Koblenz.

Em maio de 2023, "abordou o Consulado Geral da Rússia em Bona e a Embaixada da Rússia em Berlim e ofereceu cooperação", de acordo com a acusação lida no início da audiência.

O acusado terá fotografado, além de diversos arquivos, documentos antigos sobre uso de munições e tecnologia aeronáutica.

O homem deixou então esses documentos numa caixa de correio do consulado em Bona, além dos seus dados de contacto e supostamente ofereceu-se para fornecer outros elementos.

Na ausência de resposta, terá então feito outros contactos.

Thomas H. admitiu ter oferecido os seus serviços como espião, mas contestou ter fornecido um CD com dados técnicos sensíveis, como acusa o Ministério Público.

Não houve "nada de sério" nas informações transmitidas, alegou, sublinhando que queria essencialmente provar a sua condição de soldado da Bundeswehr.

O antigo oficial, que também contactou ao mesmo tempo com o partido de extrema-direita AfD, ao qual pediu para aderir, explicou a sua ação com o receio de uma escalada nuclear na guerra na Ucrânia.

Na Alemanha, tanto a extrema-direita como a extrema-esquerda criticam as entregas de armas pesadas a Kiev para se defender da invasão russa. O acusado disse que queria acima de tudo proteger a sua família.

Foi assim que teve a "ideia estúpida", reconheceu, de se dirigir ao consulado, manifestando também a sua crescente insatisfação com o Governo alemão chefiado por Olaf Scholz.

Thomas H., que se distanciou claramente das suas ações, também afirmou ter sofrido problemas de concentração e distúrbios de sono na época, o que associou a anos de sobrecarga de trabalho e ao que afirma serem efeitos colaterais das vacinas contra a covid-19.

As audiências deverão durar até o final de junho. O ex-capitão incorre numa pena de até 10 anos de prisão.

No ano passado, o serviço de informações internas da Alemanha alertou para uma intensificação da espionagem em favor da Rússia após a eclosão do conflito na Ucrânia.

O exemplo mais recente remonta apenas a 18 de abril. Dois homens, russos e alemães, foram acusados de planear atos de sabotagem para Moscovo, inclusive numa base militar dos Estados Unidos, para minar a ajuda alemã à Ucrânia.

Um antigo agente secreto alemão também está atualmente a ser julgado em Berlim por ter transmitido informações confidenciais aos serviços de segurança russos (FSB) no outono de 2022, uma acusação que rejeita categoricamente.

Em novembro de 2022, um alemão foi condenado a pena suspensa por passar informações aos serviços de informações russos enquanto trabalhava como oficial na reserva da Bundeswehr.

Desde o início da guerra na Ucrânia, a Alemanha também expulsou numerosos diplomatas russos acusados de serem uma ameaça à sua segurança.

Leia Também: Apreensão de bens? Rússia dará "resposta assimétrica", mas "dolorosa"

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