Casamentos prematuros contribuem para pobreza de Moçambique

Uma organização de direitos humanos afirma que Moçambique continua entre os dez países com mais casamentos prematuros do mundo, com consequências para a saúde das jovens que também contribuem para a perpetuação da pobreza.

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Lusa
22/07/2014 14:12 ‧ 22/07/2014 por Lusa

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O coordenador do Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança, Albino Francisco, indicou que os dados oficiais mostram que 48% das mulheres com idades entre os 20 e 24 anos tenham casado antes dos 18 anos e 10 por cento antes dos 15 anos.

"A situação é preocupante e a redução do problema é muito lenta: nos últimos 10 anos, só desceu de 56% para 48%", afirmou à agência Lusa em Londres, onde participa na "Cimeira da Rapariga" co-organizada pelo governo britânico e pela UNICEF para combater a Mutilação Genital Feminina e o Casamento Prematuro.

Moçambique ocupa atualmente, em conjunto com Madagáscar, o 10º lugar dos países com maior prevalência de casamentos prematuros, que Albino Francisco atribui aos elevados índices pobreza, sobretudo nas zonas rurais, e a práticas culturais enraizadas em Moçambique.

Por outro lado, o ativista critica o governo por ter despertado tarde para o fenómeno e só recentemente ter criado uma estratégia e campanha nacionais de combate aos casamentos prematuros.

"Não existem políticas nem programas concretos ao nível governamental para fazer face a este problema. O quadro legal é suficiente informado para a proteção da criança, mas tem muitas lacunas no que diz respeito a questão do casamento prematuro", enfatizou o coordenador do Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança.

A organização não governamental continua a fazer pressão junto das autoridades para rever o quadro legal para passar a criminalizar o casamento prematuro, cujo impacto pode ter várias vertentes.

"Há consequências a nível da saúde sexual e reprodutiva, ligadas à gravidez precoce porque a rapariga não esta preparada para receber filho, o que pode resultar na mortalidade infantil e materna ou na contração de fístula obstétrica", referiu.

Segundo Albino Francisco, 35% raparigas engravidam precocemente, o que em certos casos pode acontece entre os 11 e 13 anos.

Disse ainda que o casamento prematuro é uma causa de abandono da educação após a 5ª ou 6ª classe, o que contribui para reduzir o potencial na produtividade do país que estas raparigas poderia tem enquanto capital humano.

"Contribui para que o ciclo intergeracional de pobreza se mantenha", lamentou.

A "Cimeira da Rapariga", que se realiza hoje em Londres e junta representantes de governos e da sociedade civil, organizações internacionais e entidades privadas, vai tentar adotar iniciativas e recomendações de combate ao casamento prematuro, que se estima afetar todos os anos 14 milhões de jovens raparigas.

"É um veiculo importante para tentar influenciar políticos a tomarem decisões mais contundentes para combater este mal, aprovando não só políticas e programas, mas também recursos adequados. É preciso aproveitar este movimento global para que casamento prematuro fique na agenda política", defendeu Albino Francisco.

 

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