Meteorologia

  • 08 MAIO 2024
Tempo
18º
MIN 17º MÁX 30º

Junta de Myanmar controla menos de metade do país mas ainda é "perigosa"

Um especialista da ONU indicou hoje que a junta de Myanmar perdeu o controlo de metade do país, sofrendo pesadas baixas no conflito contra a oposição e as "forças de resistência", mas continua "extremamente perigosa" e a assassinar civis.

Junta de Myanmar controla menos de metade do país mas ainda é "perigosa"
Notícias ao Minuto

18:26 - 19/03/24 por Lusa

Mundo Myanmar

Num debate sobre a situação no país no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, o relator para Myanmar (antiga Birmânia), Thomas Andrews, sublinhou que, nos últimos cinco meses, os bombardeamentos contra alvos civis quintuplicaram, ao passo que o número de pessoas assassinadas ou feridas por minas terrestres duplicou no último ano.

O conflito no país asiático causou a deslocação de 2,7 milhões de pessoas e espera-se que mais um milhão abandone as suas casas este ano, afirmou o relator da ONU, denunciando um programa de recrutamento forçado "que levou muitos jovens a esconder-se, a fugir do país ou a juntar-se às forças da resistência".

Andrews também recordou as violações sistemáticas dos direitos humanos dos rohingyas (minoria muçulmana de Myanmar), apesar das medidas provisórias emitidas pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) para evitar o genocídio daquele povo, mais de um milhão de cujos membros fugiu para o vizinho Bangladesh desde 2016.

Muitos rohingyas têm sido alvo dos já referidos recrutamentos forçados pela junta militar no poder, "que tenta obrigá-los a juntar-se às mesmas forças militares que os atacaram implacavelmente e cometeram genocídio da sua comunidade", lamentou o relator das Nações Unidas.

O especialista indicou também que num Myanmar abalado pela repressão e pelo conflito desde o golpe de Estado de 2021, "as organizações criminosas encontraram um porto seguro", transformando o país no maior produtor mundial de ópio e num centro global de fraudes informáticas.

Perante o Conselho dos Direitos Humanos, o relator reiterou o apelo à comunidade internacional para que ponha fim aos abusos da junta no poder em Naipidau, impedindo a entrada no país de armamento e financiamento para o regime militar.

Nesse sentido, Andrews congratulou-se com o facto de em 2023 se ter conseguido que o fornecimento de armamento por empresas sediadas em Singapura caísse 83%, depois de um relatório ter revelado que armas no valor de 254 milhões de dólares (cerca de 233 milhões de euros) tinham sido anteriormente transferidas daquele país do Sudeste Asiático para a junta militar de Myanmar.

O relator concluiu a sua intervenção exortando a comunidade internacional a aplicar uma estratégia de sanções coordenadas para isolar a junta militar birmanesa e a levá-la perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) por possíveis crimes de guerra e contra a humanidade cometidos.

Os especialistas, que são mandatados pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, não falam em nome da organização.

Leia Também: Guterres alarmado com relatos de bombardeamentos de civis em Myanmar

Recomendados para si

;
Campo obrigatório