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Menos empresas financiam armas nucleares, mas lucros são cada vez maiores

O número de instituições que financiam a produção de armas nucleares caiu drasticamente desde a entrada em vigor do tratado que as proíbe (2021), mas as que continuam estão a obter lucros cada vez maiores, indica hoje um relatório.

Menos empresas financiam armas nucleares, mas lucros são cada vez maiores
Notícias ao Minuto

07:01 - 21/02/24 por Lusa

Mundo Nuclear

Num estudo da Campanha para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN) e da PAX, o número de instituições com investimentos significativos em empresas produtoras de armas nucleares caiu pelo terceiro ano consecutivo, para 287, em 2023, contra 338 dois anos antes.

"Apesar da pressão dos governos para investir mais em fabricantes de armas, muitas instituições financeiras mantêm a sua política de exclusão das empresas mencionadas no relatório, muitas vezes com base em preocupações éticas sobre o desenvolvimento de armas de destruição maciça", analisa a ICAN, uma coligação de organizações que ganhou o Prémio Nobel da Paz de 2017.

Os 10 maiores detentores de ações e obrigações de empresas de armamento nuclear são norte-americanos, com a Vanguard (72.000 milhões de ações ou obrigações), o Capital Group (62.000 milhões), a State Street (55.000 milhões) e a BlackRock (53.000 milhões) no topo da lista.

No total, as ações e obrigações das instituições financeiras do sector ultrapassam os 476.000 milhões de dólares (cerca de 440.300 milhões de euros), o que representa um aumento de 3,4% em relação ao ano anterior.

Os quatro maiores credores das empresas de armamento nuclear são também norte-americanos: Citigroup (28.000 milhões de dólares -- 25.900 milhões de euros), Bank of America (27.000 milhões de dólares -- 24.980 milhões de euros), JPMorgan Chase (25.000 milhões de dólares -- 23.130 milhões de euros) e Wells Fargo (19.000 milhões de dólares -- 17.580 milhões de euros).

No entanto, entre os dez primeiros deste grupo, encontram-se também entidades do Japão, como o Mizuho Financial, o SMBC ou o Mitsubishi UFJ, de França, como o BNP Paribas, ou da Alemanha, como o Deutsche Bank, refere o relatório.

No total, os empréstimos a empresas de armamento nuclear ultrapassaram os 342.000 milhões de dólares (316.390 milhões de euros) em 2023, um aumento homólogo de 19%.

A ICAN e a PAX atribuem o aumento do investimento e dos empréstimos e o aumento dos lucros do sector à invasão russa da Ucrânia, iniciada há dois anos, e às tensões que gerou sobre a necessidade de aumentar os arsenais nucleares.

O estudo identifica 24 empresas envolvidas na produção de armas nucleares, sendo as cinco principais a BAE Systems, a Boeing, a General Dynamics, a Lockheed Martin e a Northrop Grumman.

Em conjunto, as cinco empresas fornecem equipamento relacionado com armas nucleares aos Estados Unidos e ao Reino Unido, e a BAE Systems também tem a França como cliente neste sector.

Apenas uma empresa da lista (Rostec) fornece à Rússia, uma à China (China Aerospace Science and Technology) e duas à Índia.

"Embora a guerra na Ucrânia tenha aumentado o valor económico das ações e obrigações das empresas de armamento que também produzem armas nucleares, a tendência de desinvestimento continua", concluem a ICAN e a PAX no relatório.

A ICAN recorda que as nove potências nucleares (Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Rússia, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte) estão a modernizar e, em muitos casos, a expandir os seus arsenais, recorrendo frequentemente ao sector privado para o fazer, especialmente no caso da Europa e dos EUA.

Leia Também: Armas nucleares no espaço? Putin nega alegações dos EUA

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