Doha, um mediador chave entre Israel e o Hamas, condenou "nos termos mais veementes, a permissão da ocupação israelita para uma manifestação de extremistas em Jerusalém ocupada sob a bandeira da imposição do controlo sobre Jerusalém e a Mesquita de Al Aqsa", frisou o Governo do país árabe, em comunicado.
"Esta é uma provocação séria e um ataque flagrante aos direitos do povo palestiniano e à histórica custódia haxemita dos lugares sagrados da Jerusalém (Leste) ocupada", acrescenta a nota, publicada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar na rede social X (antigo Twitter).
A marcha israelita, marcada para hoje à tarde, foi aprovada pela polícia israelita e é organizada por grupos de extrema-direita que costumam promover o acesso de colonos e extremistas religiosos à Esplanada das Mesquitas (Monte do Templo para os judeus).
Al Aqsa, o terceiro lugar sagrado para os muçulmanos depois dos de Meca e Medina, está localizado na Esplanada das Mesquitas, também sagrada para judeus e cristãos, e está sob a custódia da Jordânia, apesar de Jerusalém Oriental fazer parte do territórios palestinianos ocupados por Israel em 1967.
Statement :: Qatar Condemns in the Strongest Terms the Israeli Occupation Allowing Extremists to Demonstrate in Occupied Jerusalem#MOFAQatar pic.twitter.com/hqryYu7JQD
— Ministry of Foreign Affairs - Qatar (@MofaQatar_EN) December 7, 2023
A diplomacia do Qatar advertiu "contra os esforços israelitas para mudar o status histórico e jurídico em Jerusalém (Leste) e seus lugares sagrados", considerando ainda que "estas medidas provocativas aumentariam o estado de tensão e expandiriam o ciclo de violência na região".
No comunicado, o Qatar apelou ainda à comunidade internacional para "tomar medidas urgentes para forçar Israel a cumprir as resoluções de legitimidade internacional e pôr fim às suas violações dos direitos legítimos do povo palestiniano (...) e das suas santidades islâmicas e cristãs".
O Qatar, juntamente com o Egito e os Estados Unidos, desempenhou um importante papel mediador na única trégua acordada por Israel e pelo grupo islamita Hamas em Gaza desde o início do conflito, em 07 de outubro, e que entre 24 de novembro e 01 de dezembro permitiu a troca de reféns por prisioneiros e a entrada de quantidades significativas de ajuda em Gaza.
Israel tem levado a cabo uma vasta ofensiva terrestre na Faixa de Gaza desde 27 de outubro, após três semanas de intensos bombardeamentos, em resposta ao ataque realizado pelo grupo islamita palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro, que fez mais de 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.
As operações militares israelitas já provocaram mais de 17 mil mortos, 46.000 feridos e cerca de 1,9 milhões de palestinianos deslocados, segundo o balanço mais recente.
Leia Também: Rússia liberta seis crianças ucranianas graças a mediação do Qatar