A indignação contra o turismo excessivo tem crescido em várias zonas da Europa, mas alguém em Atenas demonstrou o seu descontentamento de forma inédita. Na terça-feira, foram espalhados por edifícios residenciais da capital grega cartazes que alertavam para uma alegada crise de percevejos, levando o governo a pedir a ajuda das autoridades policiais a desmentir o assunto e perseguir os responsáveis.
Os cartazes continham o logótipo do ministério da Saúde grego, bem como do município de Atenas, dando conta da descoberta de percevejos em apartamentos e alojamentos de curto-prazo, frequentemente usados por turistas para visitar a cidade.
A linguagem utilizada, num inglês repleto de erros, avisava também que as autoridades locais ordenaram a evacuação de "alojamentos privados" para "proteger a saúde pública dos residentes gregos permanentes". E, caso os turistas não se importassem com os insetos, foi também alertado que os que não abandonassem os locais em causa arriscariam uma multa de 500 euros.
O caso aproveitou o pânico provocado pelo anúncio de uma grande crise de percevejos em Paris, que preocupou as autoridades devido aos iminentes Jogos Olímpicos de 2024. Foram também descobertos em algumas cidades portugueses, e as experiências partilhadas por turistas em França ajudaram a tornar o percevejo numa preocupação de muitos viajantes na Europa.
O ministério da saúde da Grécia deixou claro, contudo, que a crise de percevejos lançada pelos panfletos é "absolutamente falsa". Num comunicado citado pela Associated Press, o governo acrescentou que "ninguém pode aterrorizar e desinformar o público", pelo que pediu que a polícia "faça o que for necessário" para conter a campanha.
Os habitantes de Atenas, como muitas outras cidades no mundo, e na Europa em particular, têm sido muito afetados por um aumento exponencial do custo da habitação. Uma das causas deste aumento é a gigante indústria do turismo, responsável por um quinto das receitas anuais do Estado grego, e os alojamentos de curto prazo, bem como um programa de 'vistos gold' ainda em vigor no país, estão a obrigar residentes a 'fugir' do centro da capital e a procurar casas longe dos seus locais de trabalho, para dar lugar aos turistas estrangeiros.
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