No ano da IA, a palavra do ano da Merriam-Webster é 'autêntica'

A editora do principal dicionário norte-americano celebrou a sua 20.ª palavra do ano com a busca pela originalidade. Jogos como o 'Wordle' obrigaram a empresa a excluir várias palavras de cinco letras da análise final.

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Notícias ao Minuto
27/11/2023 15:55 ‧ 27/11/2023 por Notícias ao Minuto

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Merriam-Webster

Passamos o ano a desconfiar do que vemos na internet e nas redes sociais; anúncios e publicações repletas de imagens geradas por algoritmos, de vídeos falsificados e fabricados; o nosso 'feed' cheio de mentiras, tantas vezes refutadas, agora dadas como certas e até usadas como bases políticas. Talvez por isso, pela nossa incessante necessidade em desviar o nevoeiro e conhecer a verdade, é que a palavra de 2023 do dicionário Merriam-Webster é simplesmente 'autêntica'.

O ano de 2023 ficará conhecido como o ano em que a Inteligência Artificial (IA) passou a estar verdadeiramente no nosso vocabulário, com a emergência e crescimento do ChatGPT, das imagens criadas graças a sites gratuitos, da música dos Beatles finalizada com ajuda informática.

Mas foi também o ano que os níveis de desinformação nas redes sociais atingiram picos históricos, especialmente após Elon Musk, o excêntrico e polémico multibilionário, ter transformado o Twitter em 'X' e ter despido a rede social de vários padrões de controlo de publicações falsas.

Peter Sokolowski, editor da Merriam-Webster, explicou à Associated Press que "vimos em 2023 uma espécie de crise de autenticidade" e, por isso, "percebemos que, quando questionamos a autenticidade, a valorizamos ainda mais".

A palavra do ano da editora, responsável pelo dicionário mais consultado nos Estados Unidos, é então 'authentic' (do inglês 'autêntico/a'), com as buscas pela palavra - relacionadas com 'cozinha autêntica', 'voz autêntica', 'autenticidade', entre outras - a ascenderem ao topo do site.

Sokolowski não procurou investigar o porquê dos utilizadores pesquisarem determinadas palavras e notou que, ao contrário do que é comum, com eventos mediáticos e circunstâncias temporais restritas a alavancarem uma determinada expressão, buscas pela palavra 'authentic' foram constantemente elevadas ao longo do ano.

"Podemos confiar se um aluno escreveu aquele artigo? Podemos confiar se um político fez aquela declaração. Agora, nem sempre confiamos no que vemos. Às vezes não acreditamos nos nossos próprios olhos e ouvidos. Estamos a reconhecer que a 'autenticidade' é por si só uma demonstração", acrescentou o editor.

A entrada de 'authentic' no dicionário, criado pela mais antiga editora de dicionários do país, tem vários significados com várias nuances, entre as quais algo que "não é falso ou imitação; verdadeiro, real", que "reflete a própria personalidade, espírito ou caráter de alguém", que é "digno de aceitação e crença em conformidade com factos", "feito ou criado da mesma forma que o original", ou que se "conforma com o original para reproduzir qualidades essenciais".

Em 2022, a palavra do ano foi 'gaslighting' - cujo significado pode consultar aqui, no nosso artigo do ano passado.

Este ano, a Merriam-Webster assinala 20 anos de seleção da palavra do ano. No entanto, além da exclusão de várias palavras muito pesquisadas todos os anos, como 'amor', várias palavras de cinco letras tiveram de ser excluídas do filtro por serem usadas por utilizadores que, à boleia de jogos de palavras como o Wordle ou Quordle, acabam por procurar mais ajuda no site.

Além de 'authentic', outras das palavras mais procuradas foram 'implodir' (do inlgês 'implode', que foi muito pesquisada durante a implosão do submergível 'Titan', perto dos destroços do Titanic), 'nome morto' (do inglês 'deadname', que define o nome dado à nascença a uma pessoa transgénero que deixa de o usar, e que surgiu várias vezes devido a legislação e ataques transfóbicos nos EUA), 'coronation' ('coroação', graças à cerimónia de Carlos III) ou, claro, 'deepfake', devido ao crescimento de conteúdos falsos mas aparentemente verdadeiros, criados com a ajuda de inteligência artificial.

Leia Também: Cientista aponta desinformação com IA como dos maiores perigos à democracia

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