Pouco depois de o cessar-fogo ter entrado em vigor podiam ver-se camiões com combustível a entrar no terminal da passagem de Rafah, vindos do Egito, onde eram transferidos para outros camiões que os transportam para Gaza.
A estação de televisão egípcia Al Qahera News mostrou em direto como os camiões de ajuda humanitária estão a entrar no posto de passagem, num total de 60, como parte do primeiro comboio.
Por outro lado, o exército israelita informou que quatro botijas de combustível e quatro botijas de gás de cozinha foram transferidas do Egipto para organizações de ajuda humanitária da ONU no sul da Faixa de Gaza através da passagem de Rafah.
O fim dos combates pode garantir "algum alívio" aos 2,3 milhões de habitantes de Gaza, expostos a semanas de bombardeamentos israelitas, bem como para as famílias em Israel, que temem pelo destino das pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas de 07 de outubro, que desencadeou a guerra.
O cessar-fogo teve início às 07:00 (05:00 em Lisboa) e deve prolongar-se pelo menos durante quatro dias.
Neste período, o grupo Hamas, no poder em Gaza, compromete-se a libertar pelo menos 50 dos cerca de 240 reféns capturados no dia 07 de outubro.
O Hamas afirmou que Israel vai libertar 150 prisioneiros palestinianos.
O acordo prevê também que mais ajuda seja enviada para o sul de Gaza, onde os palestinianos enfrentam uma grave escassez de alimentos, água, medicamentos e abastecimento de eletricidade.
Ambas as partes vão libertar primeiro as mulheres e as crianças sendo que Israel declarou que a trégua pode ser prolongada por mais um dia por cada dez reféns libertados.
Um primeiro grupo de 13 mulheres e crianças detidas pelo Hamas será libertado na sexta-feira à tarde, segundo Majed al-Ansari, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar.
Por cada refém libertado, vão ser libertados três prisioneiros palestinianos, também mulheres e menores.
O Ministério da Justiça de Israel publicou uma lista de 300 prisioneiros que podem ser libertados, na sua maioria adolescentes detidos no ano passado por lançamento de pedras e outros delitos menores.
Entretanto, os militares israelitas lançaram panfletos sobre o sul de Gaza, avisando centenas de milhares de palestinianos deslocados para não tentarem regressar a casa casas na metade norte do território.
Israel afirmou que vai bloquear estas tentativas de regresso.
Apesar do aviso, centenas de palestinianos foram vistos a caminhar para norte na sexta-feira.
Hoje, na fronteira de Israel com o Líbano não se registaram incidentes, um dia depois de o grupo armado libanês Hezbollah (Partido de Deus), aliado do Hamas, ter efetuado o maior número de ataques num só dia desde o início dos combates.
A guerra eclodiu quando membros do Hamas invadiram o sul de Israel, matando pelo menos 1.200 pessoas, na maioria civis, e fazendo reféns, incluindo bebés, mulheres e idosos, bem como soldados.
Espera-se que o Hamas exija um grande número de prisioneiros em troca dos soldados.
Os bombardeamentos israelitas, agora na sétima semana, mataram mais de 13.300 palestinianos, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, que retomou a contagem pormenorizada das vítimas da guerra em Gaza.
O ministério tinha deixado de publicar a contagem das vítimas desde 11 de novembro, afirmando que tinha perdido a capacidade de o fazer devido ao colapso do sistema de saúde no norte do enclave.
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