Netanyahu respondeu-lhe que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) quer acabar com o Estado israelita, acrescentando: "Se não combatermos os bárbaros, eles vencerão".
O encontro dos dois chefes de Governo em Jerusalém, no qual também participou o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander de Croo, realizou-se no âmbito da visita oficial de Sánchez à região, perante a eclosão de uma guerra de Israel com o Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do grupo islamita a território israelita a 07 de outubro, que fez 1.200 mortos, na maioria civis, e cerca de 240 reféns.
Sánchez indicou que Espanha, "durante décadas, sofreu terrivelmente por causa do terrorismo", sem mencionar especificamente a ETA (organização separatista basca armada, extinta em 2018), pelo que compreende "a tristeza" de Israel.
"Espanha partilha a dor de Israel", sublinhou.
Apesar disso, sustentou que, embora Israel "tenha direito" a defender-se dos ataques do Hamas, tem de respeitar o direito internacional humanitário.
"Porque também o sofremos em Espanha, estou convencido de que o terrorismo não pode ser erradicado exclusivamente através do uso de armas", afirmou, defendendo um acordo político.
A retaliação israelita ao ataque do Hamas - classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel --, começou logo em seguida e em força, com cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 48.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora naquele enclave palestiniano pobre cerca de 15.000 mortos, na maioria civis, e 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 200 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.
Sánchez apoia a aplicação da solução dos dois Estados, tendo adiantado, no seu discurso de posse, que trabalharia em Espanha e na Europa no sentido do reconhecimento do Estado palestiniano.
Para o chefe do executivo espanhol, essa é a única perspetiva "séria e credível" para alcançar a paz naqueles territórios e tem de fazer-se nos termos da resolução das Nações Unidas, que inclui a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental na Palestina.
"Sem um acordo político, haverá de novo um ciclo de violência que nunca termina", declarou, frisando que "trabalhar para a paz" é do "interesse" de Israel e oferecendo-se para ajudar no processo.
Na sua intervenção, Pedro Sánchez também expressou esperança em que os reféns sequestrados pelo Hamas sejam libertados e se ponha fim à "catástrofe humanitária" em Gaza, sublinhando que os civis devem ser protegidos "a todo o custo".
Pediu também que a ajuda humanitária seja "imediatamente" autorizada a entrar em Gaza e de forma regular. Por último, apelou para que seja decretado um cessar-fogo.
Por seu lado, Netanyahu lamentou que o Hamas seja "um inimigo especialmente cruel e desumano" que "luta para eliminar o Estado judaico" primeiro e o Ocidente no seu conjunto, depois.
Acusou também os combatentes das milícias do grupo islamita palestiniano, que desde 2007 controla a Faixa de Gaza, de fazer parte de uma organização terrorista juntamente com "o Irão, o Hezbollah e os Huthis" (rebeldes do Iémen) e acusou-os ainda de serem "os novos nazis".
"Se saírem vitoriosos aqui, tentarão destruir o Médio Oriente e depois vão para a Europa e depois para outro lugar -- e, se pensam que estou a exagerar, não estou", advertiu.
"Odeiam a nossa civilização livre e querem destruí-la, têm uma ideologia que é uma loucura", prosseguiu o primeiro-ministro israelita, vincando que "o sistema de valores" dos palestinianos permite "fazer estas coisas horríveis", pelo que é necessário combatê-los.
Afirmou também que Israel está "totalmente comprometido" com o cumprimento do direito internacional humanitário, mas argumentou que para os seus opositores, todos, incluindo os civis, "são combatentes".
"Dizem que todos são alvos e ninguém é civil", sustentou, recordando o massacre ocorrido a 07 de outubro no festival de música de Reim e a morte de bebés e de sobreviventes do Holocausto.
Em paralelo, denunciou que os combatentes do Hamas usam civis como escudo humano, por exemplo em corredores humanitários que, frisou, Israel ajudou a criar e mantém.
"Quando tentaram sair, o Hamas deixou-os na mira de fogo, porque não se importa que os civis palestinianos sejam assassinados", observou.
Netanyahu referiu ainda que há cerca de 150 ou 200 colunas humanitárias que vão levar ajuda à zona e lamentou a "falta de colaboração" da ONU e das organizações não-governamentais (ONG).
Os líderes dos Governos de Espanha e Bélgica, que têm a atual e a próxima presidência semestral do Conselho da União Europeia, reúnem-se também hoje com o presidente da Autoridade Palestiniana, na Cisjordânia.
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