Hungria demite diretor de museu por expor fotos do World Press Photo
O Ministério húngaro da Cultura demitiu hoje o diretor do Museu Nacional Húngaro em Budapeste, acusando-o de não ter cumprido uma lei controversa que proíbe a exibição de conteúdos LGBTQ+ a menores, segundo um comunicado oficial.
© Reuters
Mundo Hungria
A demissão do diretor do museu, Laszlo L. Simon, surge depois de o governo húngaro ter determinado, no final de outubro, que cinco fotografias expostas na exposição do prémio World Press Photo violavam a lei que restringe o acesso das crianças a conteúdos que retratam a homossexualidade ou a mudança de sexo.
Posteriormente, o museu colocou um aviso na sua página ´online´ e à entrada da exposição World Press Photo - com as fotografias vencedoras do prémio que distingue anualmente o melhor jornalismo do mundo em imagens - informando que a visita à exposição estava limitada a visitantes com mais de 18 anos, segundo a agência AP.
Laszlo L. Simon, que se tornou diretor do museu para um mandato de cinco anos em 2021, é membro do partido Fidesz, no poder na Hungria, ex-deputado e ex-secretário de Estado da Cultura.
As fotografias em questão documentam uma comunidade de pessoas LGBTQ+ idosas nas Filipinas que partilham uma casa há décadas e cuidam umas das outras à medida que envelhecem, mostrando alguns membros da comunidade vestidos com roupas femininas e maquilhados.
Na sua página da rede social Facebook, Simon afirmou que nem ele nem o museu tinham violado deliberadamente a lei húngara de 2021 sobre a "proteção das crianças": "Tomo nota da decisão, mas não a posso aceitar".
"Como pai de quatro filhos e avô, rejeito firmemente a ideia de que os nossos filhos devam ser protegidos de mim ou da instituição que dirijo", declarou ainda na mensagem.
No comunicado hoje divulgado, o Ministério da Cultura escreveu que Simon tinha sido despedido por não ter cumprido a lei e "ter tido um comportamento que tornou impossível a continuação do seu emprego".
O Governo húngaro, liderado pelo primeiro-ministro nacionalista Viktor Orbán, restringiu a disponibilidade de materiais que representem a homossexualidade para menores nos meios de comunicação social, incluindo televisão, filmes, publicidade e literatura.
A legislação suscitou ações judiciais por parte de 15 países da União Europeia, tendo a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelidado a lei de "uma vergonha".
Organizações como a Human Rights Watch classificaram a lei, de 2021, como "um ataque cínico pelo partido do poder Fidesz sobre a dignidade humana das pessoas LGBT para obter ganhos políticos".
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