No terceiro dia e penúltimo do congresso anual do Partido Conservador, em Manchester (norte de Inglaterra), a ministra, de origem indiana, afirmou que "o vento da mudança que levou [os seus] pais a atravessar o mundo no século XX é apenas uma rajada comparada com o furacão que se aproxima".
"A procura será sempre superior à oferta", afirmou Suella Braverman, levantando o espetro de "milhões" de imigrantes a chegarem às costas britânicas.
Um fluxo, segundo frisou, "descontrolado e incontrolável", a menos que o Governo atue "de forma decisiva".
Segundo Braverman, os Governos britânicos têm sido "demasiado receosos de serem acusados de racistas para porem ordem no caos", com a ministra a prometer que os Conservadores vão impor "fronteiras fortes" no Reino Unido.
A ministra evocou as medidas do Governo para dificultar o pedido de asilo por parte dos migrantes, incluindo uma lei que determina que qualquer pessoa que chegue em barcos de borracha através do Canal da Mancha (que liga França ao Reino Unido) seja detida e depois deportada permanentemente para o país de origem ou para países terceiros.
Apesar de ter sido aprovada pelo parlamento no início deste ano, a lei ainda não entrou em vigor.
O único país terceiro que concordou em receber imigrantes do Reino Unido foi o Ruanda, mas ainda não foi enviado nenhum migrante porque o plano está a ser contestado nos tribunais britânicos.
O ambiente em torno do discurso de Braverman aos militantes do partido foi de um comício eleitoral.
Os Conservadores do primeiro-ministro Rishi Sunak têm estado atrás dos Trabalhistas nas sondagens de opinião, pelo que muitos no evento antecipam uma derrota nas eleições legislativas previstas para o final de 2024.
O cenário poderá desencadear uma disputa pela sucessão ao atual líder e primeiro-ministro, Rishi Sunak, sendo Braverman vista como uma potencial candidata da ala direita populista do Partido Conservador, que defende restrições mais duras à migração.
No discurso, a ministra ironizou que a Lei dos Direitos Humanos deveria chamar-se "Lei dos Direitos Criminais", afirmou que as mulheres transgénero não deveriam ser autorizadas em enfermarias femininas e prometeu eliminar a "ideologia de género, o privilégio branco e a história anti-britânica" das instituições educativas e culturais.
"Tentaram fazer de mim uma figura de ódio, porque eu digo a verdade - a verdade crua e sem verniz sobre o que está a acontecer no nosso país", declarou Braverman, numa referência direta aos seus críticos.
O discurso foi aplaudido, mas um político Conservador presente na sala foi expulso pela segurança por ter contestado as opiniões de Braverman sobre a identidade de género.
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