Donald Tusk, líder da Plataforma Cívica, partido de centro-direita, e os meios de comunicação polacos, referem que o governo admitiu cerca de 130 mil migrantes muçulmanos no ano passado.
A oposição defende também que o governo está a trabalhar para flexibilizar as restrições e alega que está envolvida em corrupção e pressão de agências internacionais de trabalho.
As alegações estão associadas à demissão surpresa, na semana passada, do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Piotr Wawrzyk.
A demissão ocorreu no momento em que o gabinete anticorrupção conduzia uma inspeção ao Ministério dos Negócios Estrangeiros que se concentrava no departamento consular e de vistos chefiado por Wawrzyk, segundo relatos dos 'media' polacos.
As alegações podem prejudicar gravemente o partido ultraconservador Lei e Justiça, no poder, antes das eleições legislativas de 15 de outubro.
O partido procura um terceiro mandato sem precedentes e intensificou a sua habitual retórica anti-imigração na campanha.
O primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, referiu que a demissão foi o resultado de uma "cooperação insatisfatória" de Wawrzyk dentro do governo.
O porta-voz do governo, Piotr Mueller, sublinhou esta semana que Wawrzyk "cometeu um erro" e foi além da estrutura da política de migração do governo quando preparou novos regulamentos.
Os 'media' noticiaram que as novas regras teriam admitido trabalhadores temporários de cerca de 20 países.
Dois deputados da oposição, Marcin Kierwinski e Jan Grabiec, que procuraram informações junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, afirmam que até 350 mil vistos podem ter sido emitidos nos últimos três anos contra os regulamentos.
O gabinete de estatísticas da UE, Eurostat, aponta que, em 2022, a Polónia emitiu cerca de 700.000 autorizações de "primeira residência" a cidadãos de 148 países não pertencentes à UE, tornando-a o principal emissor de autorizações do bloco.
O Ministério do Interior polaco negou na quinta-feira que um grande número de migrantes tivesse sido autorizado a entrar, dizendo que "menos de 30.000 trabalhadores de países muçulmanos vieram para a Polónia no ano passado".
O governo gastou cerca de 355 mil euros no ano passado num enorme muro ao longo da fronteira com a Bielorrússia, com a intenção de bloquear a entrada de migrantes do Médio Oriente e de África.
Os relatórios dizem que o fluxo foi reduzido, mas não totalmente interrompido.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, a Polónia abriu a sua fronteira a milhões de refugiados, sendo que cerca de 1,3 milhões de ucranianos, na sua maioria mulheres e crianças, estão registados como residentes.
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