Oposição critica Governo indiano de onda de violência no nordeste do país

Uma coligação de partidos da oposição acusou hoje o Governo indiano de ter "falhado completamente" em pôr fim à violência que dura há três meses no Estado de Manipur, nordeste do país, noticiou a agência EFE.

Violência entre muçulmanos e hindus em Gujarat, na Índia - 2002

© Getty Images

Lusa
30/07/2023 14:27 ‧ 30/07/2023 por Lusa

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Índia

Segundo adianta a EFE, citando a coligação de partidos da oposição Aliança Nacional para o Desenvolvimento Inclusivo da Índia (INDIA, na sigla em inglês), no Estado de Manipur registaram já 142 mortos e numerosas alegações de abuso sexual, existindo inclusivamente um vídeo de duas mulheres obrigadas a desfilar nuas.

"O fracasso do governo central e do Governo estadual em proteger as vidas e os bens das pessoas das duas comunidades é evidente nos números de mais de 140 mortos, mais de 500 feridos, o incêndio de mais de cinco mil casas e a deslocação interna de mais de 60 mil pessoas", acusou a coligação INDIA numa carta entregue ao governador de Manipur.

Cerca de 20 membros da coligação recentemente formada antes das eleições gerais do próximo ano e que inclui 26 partidos políticos, com o histórico Partido do Congresso Indiano (INC) na liderança, concluíram hoje uma viagem de dois dias ao Estado de Manipur para avaliar o problema.

A coligação da oposição afirmou, após uma visita a vários campos de refugiados, que "não restam dúvidas de que a máquina do Estado não conseguiu controlar a situação nos últimos três meses".

Manipur mergulhou numa onda de violência em 03 de maio, quando as hostilidades eclodiram entre a tribo minoritária Kuki, maioritariamente cristã, e a maioritária Meitei, maioritariamente hindu, após um tribunal pedir a classificação desta última comunidade como "grupo tribal", o que lhes daria acesso a cargos públicos em condições vantajosas.

A oposição apelou ao Governo do primeiro-ministro Narendra Modi para que restabeleça a paz em Manipur, tendo "a justiça como pedra angular".

Um vídeo gravado no início de maio, em que duas mulheres são obrigadas a desfilar nuas diante de dezenas de homens numa zona rural do distrito de Thoubal, tornou-se público e viral na semana passada, provocando indignação na Índia.

Modi condenou o incidente, a sua primeira referência ao conflito desde que este eclodiu, mas tem sido criticado pelo seu silêncio sobre a violência generalizada num Estado governado pelo seu próprio partido Bharatiya Janata (BJP).

A coligação da oposição apresentou na quarta-feira passada no parlamento duas moções de desconfiança no Governo, ambas condenadas ao fracasso, mas que responsabilizariam o Governo pela onda de violência étnica.

Num relatório publicado na semana passada, o grupo de reflexão International Crisis Group (ICG) defende que o Governo indiano revela-se incapaz de travar violentos confrontos étnicos e religiosos no estado de Manipur, que já fizeram dezenas de milhares de deslocados e mais de 150 mortos.

Estes confrontos em maio levaram ainda mais de 60.000 pessoas a serem obrigadas a sair das suas casas e a fugir para o estado vizinho de Mizoram, enquanto centenas de casas, locais de culto e veículos foram vandalizados, mulheres foram estupradas e armas foram roubadas do arsenal das Forças Armadas indianas, segundo o ICG.

"A preocupação internacional com a violência de Manipur foi silenciada até agora, embora em 11 de julho o Parlamento Europeu tenha aprovado uma resolução pedindo ao governo indiano que tome 'todas as medidas necessárias e faça o máximo esforço para interromper imediatamente a violência étnica e religiosa em curso'", adianta o relatório.

Os Meitei representam 53% dos 2,85 milhões de habitantes do estado, de acordo com o censo de 2011, mas ocupam apenas 10% do território, contra os Kuki e outras 33 tribos que constituem cerca de 30% da população e estão espalhados pelas zonas montanhosas mais pobres.

O conflito entre os dois grupos dura há várias décadas, provocado por divergências sobre a distribuição de terras e recursos naturais, que alimentaram profundos ressentimentos étnicos.

Manipur é um dos sete estados da região nordeste da Índia, que está ligado ao resto do país por uma estreita faixa de terra à volta do Nepal e do Bangladesh e que se tornou um mosaico de etnias, línguas e culturas.

Leia Também: Índia. Explosão em fábrica de pirotecnia causa 8 mortos e vários feridos

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