Cientistas confirmam que mangais da Amazónia permanecem preservados

Os mangais da costa amazónica brasileira, que têm uma área de 7.820 quilómetros quadrados, são os mais bem preservados do mundo, segundo um estudo dos investigadores do Instituto Tecnológico Vale (ITV) publicado hoje na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências.

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Lusa
21/07/2023 17:26 ‧ 21/07/2023 por Lusa

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De acordo com o estudo, que usou imagens de satélite captadas entre 2011 e 2015 e as comparou com as existentes anos antes, 92% da área é coberta por mangais amazónicos (florestas que tem vegetação adaptada à foz de rios e praias), 7% por salinas comuns em áreas de mangue e apenas 1% foi afetado pela construção de estradas ou expansão urbana.

Esta vegetação é importante porque garante a manutenção da biodiversidade da região e no combate às mudanças climáticas.

As zonas mais afetadas pela atividade humana são as salinas, que numa pequena parte foram adaptadas para a criação de camarões, caranguejos e outras espécies marinhas.

A maior degradação foi causada pela construção, nas décadas de 1970 e 1980, da rodovia regional PA-458, que cortou o mangal por 26 quilómetros.

"Os mangezais da Amazónia brasileira são os maiores do mundo e os mais bem preservados justamente pela sua exuberância natural, já que as suas várzeas e depósitos de lama chegam a ter 40 quilómetros de largura e árvores de até 30 metros de altura", disse à Efe o biólogo Pedro Walfir Souza Filho, investigador do ITV e líder do estudo.

O especialista também atribuiu a preservação à ausência de grandes cidades em seu entorno, à baixa densidade populacional, às dificuldades de acesso e à falta de infraestrutura como linhas de transmissão de energia elétrica.

"Também é importante destacar que várias unidades de conservação foram criadas nos últimos 20 anos ao longo da costa com o intuito de evitar a degradação desse importante ecossistema", explicou Souza Filho, que estima que as reservas ambientais protejam cerca de 80% da área.

Esse bioma costeiro da Amazónia corresponde a cerca de 80% de todos os mangais do Brasil e estende-se por 678 quilómetros da costa norte do Brasil sobre o Atlântico e até ao sul da foz do Amazonas.

Souza Filho descartou que a possibilidade de o Brasil aprovar a exploração de petróleo nas promissoras reservas da chamada Margem Equatorial, em águas muito profundas do Atlântico e em frente à foz do Amazonas, ameace os manguezais.

"As áreas de exploração estão em alto mar, numa área com forte ação da corrente oceânica norte do Brasil, que flui a velocidades superiores a um metro por segundo na direção noroeste. Dessa forma, em caso de um possível vazamento, o petróleo derramado não irá para o sul", afirmou.

"Na minha opinião, o transporte diário de combustíveis pelos rios da Amazónia representa um risco de contaminação muito maior do que a exploração de jazidas de petróleo a mais de 150 quilómetros da costa e em profundidades superiores a 2.000 metros", acrescentou.

Souza Filho considerou que uma das principais ameaças ao ecossistema é o aquecimento global, porque a elevação do nível do mar fez com que os mangais migrassem rio acima devido à salinização dos canais dos rios.

O especialista afirmou que é uma ameaça a um ecossistema importante para ajudar no combate às mudanças climáticas, porque estudos mostram que os mangais têm uma capacidade de captar o dobro de dióxido de carbono que a própria floresta amazónica.

"A conservação deles é fundamental para que esses gases sequestrados não sejam liberados na atmosfera", afirmou.

O especialista lembrou ainda que os mangais também têm um importante na conservação da biodiversidade, já que são berço de várias espécies e fonte de alimento para muitas outras.

Além disso, a região é habitat de inúmeras espécies de aves, principalmente garças e guarás, e de mamíferos como guaxinins caranguejeiros, tamanduás e macacos.

Leia Também: Lula da Silva defende preservação da Amazónia mas nega santuário

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