Em 19 de junho de 2022, Petro, o candidato do Pacto Histórico, atingiu o momento mais alto da sua carreira política e da esquerda colombiana, ao ser eleito Presidente à segunda volta, graças à sua proposta de mudança que ganhou apoio principalmente entre a classe média.
Com dificuldades, lançou a "paz total", que contempla negociações com guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), dissidentes das FARC e grupos de origem paramilitar, e também conseguiu que o Congresso aprovasse a sua reforma tributária.
No entanto, foi aí que terminou o seu estado de graça, noticiou hoje a agência Efe.
Sem maioria legislativa e sem capacidade ou vontade de procurar acordos, o chefe de Estado colombiano luta agora para obter a aprovação das suas polémicas reformas da saúde, do trabalho e das pensões.
Perante os retrocessos, endureceu o discurso, apelando, como que em campanha, ao apoio do povo e questionando a separação de poderes ao apontar que o Congresso, ao não aprovar as suas reformas, desconsidera a vontade popular que o levou à presidência.
Assim como quando foi prefeito de Bogotá (2012-2015), o Presidente optou por trocar ministros que não representam o 'petrismo' puro e duro e elevou o tom com a comunicação, alvo constante das suas críticas.
Uma alegada sondagem divulgada recentemente pelos seus apoiantes nas redes sociais dão ao governo de Petro uma aprovação de 47,7% e uma desaprovação de 43,3%, mas estes números contrastam com uma outra sondagem recente, que aponta uma aprovação da sua gestão de 33,8% e uma reprovação de 59,4%.
O que mais tem afetado o governo foi o escândalo devido ao alegado abusos de puder e escutas telefónicas ilegais envolvendo Laura Sarabia, ex-chefe de gabinete, e Armando Benedetti, ex-embaixador na Venezuela.
A vítima é Marelbys Meza, antiga ama de Sarabia, acusada de roubar uma pasta com dinheiro, o que desencadeou uma investigação irregular dos serviços de segurança presidencial que foi divulgada pelos 'media', aparentemente por Benedetti, como parte de disputas internas por cargos.
Os dois renunciaram em 02 de junho e Benedetti, que foi fundamental para a eleição de Petro, ameaçou revelar alegadas irregularidades no financiamento da sua campanha, pela qual diz ter recebido 15.000 milhões de pesos (cerca de 3,5 milhões de dólares).
Numa outra reviravolta da crise, uma semana depois foi encontrado morto, presumivelmente por suicídio, o tenente-coronel da polícia Óscar Dávila, designado para a segurança presidencial e envolvido no interrogatório e intercetações ilegais de Meza.
A oposição, por sua vez, fará esta terça-feira uma manifestação que servirá para saber se tem mais força ou não do que Petro, que há duas semanas chamou o povo às ruas para defender as suas reformas.
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