A sondagem DeutschlandTrend, realizada mensalmente para o canal público ARD, foi divulgada na quinta-feira e colocou o apoio dos eleitores do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, na fasquia dos 18%, em pé de igualdade com os sociais-democratas do chanceler alemão, Olaf Scholz.
Nas eleições de 2021, o SPD (Partido Social-Democrata alemão) de Scholz conseguiu 25,7% dos votos, enquanto o Alternativa para a Alemanha conquistou 10,3%.
"Isto (...) é um desastre e deve ser entendido como um sinal de alarme para todos os partidos do centro", disse um parlamentar da oposição democrata-cristã, Norbert Roettgen, cujo apoio ficou em 29% na sondagem realizada junto de 1.302 eleitores entre 30 e 31 de maio.
"Temos a responsabilidade de mudar isto outra vez rapidamente", destacou Serap Guler, do mesmo partido.
A coligação governamental liderada por Scholz, em parceria com o partido Os Verdes e os Democratas Livres, tem enfrentado críticas devido aos elevados níveis de imigração e a um plano para substituir milhões de sistemas de aquecimento doméstico no país.
O apoio militar da Alemanha à Ucrânia, na sequência da invasão russa iniciada em fevereiro de 2022, também é rejeitado por uma parte significativa da população.
O chefe dos serviços de informações do país alertou recentemente para "paralelos surpreendentes" entre o presente do país e a realidade das décadas de 1920 e 1930, que testemunharam um aumento do extremismo que veio a culminar no regime nazi.
Cerca de dois terços dos que mostraram apoio à AfD na recente sondagem afirmaram que o fizeram em protesto contra os outros partidos, e não porque foram convencidos pelas políticas da extrema-direita.
"Isto deve levar à autocrítica de todos os partidos democráticos", disse um membro dos Democratas Livres, Bijan Djir-Sarai, em referência aos resultados da sondagem.
Desde a sua fundação, em 2013, a AfD tem tido sucesso particularmente no leste da Alemanha, onde nas regiões da Saxónia e da Turíngia foi o partido mais votado nas eleições federais de 2021, nas quais obteve 4,8 milhões de votos em todo o país, 10,3% do total dos votos.
Originalmente concebido como um partido eurocético, a crise dos refugiados de 2015 virou a AfD para a anti-imigração, enquanto mais tarde conseguiu capitalizar a rejeição das restrições pandémicas e agora as preocupações com as consequências da guerra na Ucrânia.
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