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Recrutamento de presos por Grupo Wagner pode ser crime de guerra

O recrutamento de presos na Rússia pelo grupo mercenário Wagner para combater na Ucrânia pode ser considerado crime de guerra, disseram hoje peritos da ONU.

Recrutamento de presos por Grupo Wagner pode ser crime de guerra
Notícias ao Minuto

20:10 - 10/03/23 por Lusa

Mundo ONU

Numa declaração pública, o grupo de peritos da ONU, com membros de vários grupos de trabalho da organização, acusou o grupo Wagner, um exército mercenário empenhado com as forças russas na invasão da Ucrânia, de estar a recrutar presos em vários estabelecimentos prisionais da Rússia.

A referida declaração foi assinada por membros de vários grupos de trabalho, nomeadamente o Grupo de Trabalho da ONU para os Mercenários e o Grupo de Trabalho sobre Desaparecimentos Forçados, e ainda pelos relatores especiais para as execuções arbitrárias e para a tortura.

O parecer foi elaborado com base em relatos de visitas de membros da Wagner, que terão oferecido aos presos, em troca da sua participação na guerra, a absolvição dos crimes pelos quais foram condenados e um rendimento mensal para as suas famílias, disseram os especialistas, que afirmaram estar "profundamente preocupados".

Os presos de várias nacionalidades são ameaçados e intimidados até aceitarem, em reuniões onde não têm acesso nem aos seus advogados nem contacto com os seus parentes, segundo descreve o comunicado.

Aqueles que aceitam tornar-se recrutas são levados para um centro de detenção em Rostov (sul), perto da fronteira com a Ucrânia, onde são treinados antes de serem enviados para cumprir as missões atribuídas, depois de assinarem um acordo e de lhes serem retirados todos os documentos de identificação, acrescentaram.

Os especialistas da ONU disseram que, segundo as informações que obtiveram, os recrutas foram destacados para Donetsk e Lugansk, e encarregados de diferentes missões, desde a reconstrução de infraestruturas até à participação direta nos confrontos.

"Este tipo de práticas são violações dos direitos humanos que podem ser consideradas crimes de guerra" afirmaram, depois de descreverem as ameaças e os maus tratos a que os recrutas são sujeitos, por vezes em frente aos colegas como forma de advertência.

Alguns dos presos que aceitaram o acordo por coação tentaram desertar e foram executados, adiantaram.

Para além do recrutamento, no comunicado os especialistas acusaram o grupo Wagner de estar envolvido em várias "violações de direitos humanos" cometidas no contexto do conflito, nomeadamente o desaparecimento forçado de soldados ucranianos.

Os especialistas instaram o Governo russo a proteger os detidos da "violência, exploração e intimidação" a que estão a ser sujeitos.

O grupo Wagner, que já atuou em diversos conflitos, nomeadamente no continente africano - casos da Líbia, do Mali e da República Centro-Africana - anunciou hoje a abertura de 58 centros de recrutamento de soldados em 42 cidades russas.

O líder dos mercenários, Yevgeni Prigojine, reconheceu a necessidade de reforços para continuar a luta contra a resistência ucraniana que descreveu como "colossal", em áreas estratégicas como a cidade de Bakhmut, em Donetsk.

Nos últimos dias, Prigojine já se tinha queixado da falta de munições e insinuado que o Ministério da Defesa russo poderia estar a tentar boicotar as ações do grupo, ao travar a transferência de munições que tinha sido prometida.

Leia Também: Grupo Wagner abre centros de recrutamento em 42 cidades russas

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