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Lavrov acusa Guterres de não assumir posição neutral no conflito

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, acusou hoje o secretário-geral da ONU, António Guterres, de não assumir uma posição neutral no conflito na Ucrânia, como deve fazer um líder de uma organização internacional.

Lavrov acusa Guterres de não assumir posição neutral no conflito
Notícias ao Minuto

12:42 - 09/03/23 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

"Lamento muito que o secretário-geral da ONU tenha subscrito as exigências unilaterais ucranianas, apesar de, segundo os estatutos da ONU (...) ter de assumir uma posição neutral", disse o chefe da diplomacia russa numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo da Arábia Saudita, o príncipe Faisal bin Farhan al Saud.

As palavras de Lavrov foram proferidas um dia depois de Guterres ter visitado Kiev, a terceira deslocação desde o início do conflito, em que o secretário-geral das Nações Unidas defendeu a extensão do pacto para a exportação de cereais e a desmilitarização da central nuclear de Zaporijia, bem como a procura de uma "paz justa".

Sobre a prorrogação do acordo de cereais, que expira em 18 de março, Lavrov realçou que o pacto "tem duas partes", a relativa aos cereais e sementes ucranianas e a outra ligada à exportação de sementes e fertilizantes russos.

"Só dá para prorrogar o que já está cumprido, mas se o pacote for cumprido pela metade, a questão da prorrogação fica bastante complexa", afirmou.

Para o chefe da diplomacia russa, a primeira parte do acordo está cumprida.

"Nós, Rússia, cumprimos todos os nossos compromissos a esse respeito com os nossos colegas turcos. A segunda parte não foi cumprida de forma alguma", acusou. 

Lavrov questionou se Guterres, "por algum motivo", vinculou a extensão do acordo de cereais à necessidade de "desmilitarizar a central nuclear de Zaporijia".

"Ninguém, com exceção da própria Ucrânia, falou em desmilitarização. O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica [AIEA] tem vindo a promover há vários meses um acordo para declarar a região como uma zona de segurança nuclear de Zaporijia", explicou. 

Segundo Lavrov, a Rússia "tem colaborado ativamente" com a AIEA a esse respeito, de tal forma que as duas partes estavam prestes a chegar a um acordo.

"Estávamos prestes a chegar a um acordo, estávamos prontos para apoiá-lo, mas foi bloqueado por Kiev", afirmou.

Para o chefe da diplomacia russa, por um lado, a ONU "está ativa na questão da desmilitarização da central nuclear de Zaporijia", enquanto, por outro, "ignora os pedidos russos para se dar início a uma investigação sobre a sabotagem dos gasodutos Nord Stream".

"O secretário-geral [das Nações Unidas] e os funcionários da ONU evitam por todos os meios responder aos nossos pedidos, que são devidamente justificados", frisou.

Lavrov agradeceu ao homólogo saudita o apoio da Arábia Saudita e de outros países árabes nos processos de troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia.

"A Arábia Saudita está sinceramente interessada em encontrar soluções aceitáveis para todas as partes. Valorizamos muito isso, considerando-a uma soma útil aos esforços que a Rússia apoiaria antes de iniciar um diálogo sério" com a Ucrânia, disse Lavrov.

O chefe da diplomacia russa declarou que o lado ucraniano "não tem vontade de iniciar negociações sérias", citando o decreto assinado pelo Presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, que proíbe qualquer tipo de diálogo com Moscovo, e as declarações ocidentais sobre a necessidade de vencer a Rússia no campo de batalha.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para Kiev e com a imposição de sanções políticas e económicas a Moscovo.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.173 civis mortos e 13.620 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: "Ataques massivos" russos foram retaliação contra incursão de Kyiv

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