Numa carta enviada ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, presidido este mês por Moçambique, na passada quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros maliano, Abdoulaye Diop, questionou o estatuto da França por "atos de agressão", "violação" do seu espaço aéreo pelas forças armadas do país europeu, bem como "subversão" e "desestabilização".
"Enquanto se aguarda uma reunião especial do Conselho de Segurança solicitada pelo Mali, o Governo (...) contesta oficialmente o estatuto da França como redator em todos os assuntos em consideração pelo Conselho de Segurança que lhe dizem respeito", lê-se na carta enviada ao embaixador de Moçambique junto da ONU, Pedro Comissário.
A carta, que visa alertar "a opinião pública nacional e internacional" para esta questão, alega também que estes acontecimentos "levantam dúvidas sobre a objetividade e imparcialidade da República francesa", de acordo com o portal de notícias Maliactu.
O documento é conhecido numa altura em que decorre um périplo africano do Presidente francês, Emmanuel Macron, nomeadamente ao Gabão, Angola, e visitará também outro dos países onde existem tensões antifrancesas, como é o caso da República Democrática do Congo (RDCongo).
Os governos da França e dos outros países europeus que participam e colaboram com a Operação Barkhane e a Força Takuba, assim como o Canadá, anunciaram em fevereiro a retirada das suas forças do Mali, onde foram destacados para ajudar Bamako na luta contra o terrorismo.
As tensões têm-se elevado nos últimos meses devido ao anúncio da junta militar de alargar o processo de transição para quatro a cinco anos e adiar as eleições marcadas para fevereiro, no meio das acusações cruzadas entre Paris e Bamako sobre os esforços antiterroristas e o destacamento de mercenários russos do grupo Wagner.
Leia Também: Etiópia, Quénia e Djibuti vão enviar mais tropas para a Somália