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ONU diz a Roger Waters: "Triste ser um tijolo na parede da desinformação"

O músico britânico Roger Waters, co-fundador dos Pink Floyd e opositor da política ocidental na Ucrânia, foi, esta quarta-feira, criticado por vários diplomatas no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) após alegar que a invasão russa foi provocada.

ONU diz a Roger Waters: "Triste ser um tijolo na parede da desinformação"
Notícias ao Minuto

19:21 - 08/02/23 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

Waters discursou no Conselho de Segurança na qualidade de "ativista civil a favor da paz" a convite da Rússia, que convocou esta reunião para discutir o aumento do fornecimento de armas à Ucrânia pelo Ocidente.

Apesar de considerar que a invasão russa da Ucrânia foi "ilegal", Waters frisou, por videoconferência, que não se pode dizer que "não aconteceu sem provocação".

"Portanto, condeno os provocadores nos termos mais fortes possíveis", disse, sugerindo ainda que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos - têm interesse por "grandes lucros para as indústrias de guerra".

As palavras do músico não agradaram parte dos diplomatas presentes na reunião, como o embaixador do Japão, que afirmou que o objetivo do Conselho não é ter lucros com a guerra, mas sim devolver a dignidade ao povo ucraniano.

Uma das vozes mais críticas foi a do embaixador ucraniano junto à ONU, Sergiy Kyslytsya, que lamentou que o músico se tenha tornado um transmissor da propaganda russa.

"Que triste para seus ex-fãs vê-lo aceitar ser apenas mais um tijolo na parede, na parede da desinformação e da propaganda russa", afirmou Kyslytsya, numa referência à letra da famosa música dos Pink Floyd 'Another Brick in the Wall'.

"Estou surpreso que não tenha insuflado hoje um balão em forma de porco na câmara do Conselho de Segurança, como faz em muitos dos seus espetáculos. Como teria sido desta vez, senhor Waters? Porcos com suásticas, foice e martelo?", questionou o representante diplomático ucraniano.

Waters baseou o seu discurso em apelos genéricos à paz, usando frequentemente a expressão "Nós, o povo", lembrando que as guerras "destroem o planeta" e pedindo ainda que se "abandone a corrida ao armamento".

O embaixador da Albânia, Ferit Hoxha, lembrou Waters que se o músico estivesse na Rússia, a dizer que condena a agressão, provavelmente estaria já "sob custódia".

Hoxa frisou ainda que as armas fornecidas à Ucrânia ajudaram a limitar as aspirações da Rússia e de "qualquer um que pudesse ser tentado a usar a força em vez de meios pacíficos".

Já o vice-representante dos Estados Unidos junto da ONU, Richard M. Mills, reconheceu as capacidades de Waters como músico, mas avaliou serem "menos evidentes as suas qualificações para falar perante o Conselho de Segurança como um especialista em controlo de armas ou questões de segurança europeias".

Por outro lado, o discurso do britânico foi aproveitado pelo embaixador russo, Vasily Nebenzya, que elogiou o "poderoso apelo" do músico contra a guerra.

Nebenzya alertou para o fluxo constante de armas de países europeus para a Ucrânia, avaliando que essa entrega obriga os países ocidentais a aumentar os seus orçamentos de Defesa e, portanto, a enriquecer a indústria de armas.

O diplomata voltou a dizer que o "atual regime de Kyiv é um projeto de estimação de vários países ocidentais", que tentam "enfraquecer e minar a Rússia".

Responsabilizou ainda os países que fornecem artilharia de longo alcance e sistemas de mísseis à Ucrânia pelas mortes da população civil na região de Donbass (leste ucraniano), "que vive em lugares onde anteriormente a artilharia das forças ucranianas não conseguia chegar".

Ainda sobre a questão das armas, embaixadores ocidentais recriminaram a Rússia por falar dos perigos da escalada do armamentismo quando está provado, segundo argumentaram, que Moscovo recorreu a 'drones' (aeronaves não tripuladas) iranianos, mísseis norte-coreanos e todo o tipo de ajuda militar da Bielorrússia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Sismo. ONU pede a governo sírio que facilite acesso ao noroeste rebelde

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