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Ucrânia. Necessidade de ajuda humanitária aumentou para 18 milhões

O número de ucranianos a precisar de ajuda humanitária aumentou num ano seis vezes para 18 milhões, 40% da população, segundo dados do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), que descreve uma situação "urgente e dramática".

Ucrânia. Necessidade de ajuda humanitária aumentou para 18 milhões
Notícias ao Minuto

06:58 - 04/02/23 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

Em entrevista à Lusa, o porta-voz da OCHA na Ucrânia, Saviano Abreu, referiu que as estimativas atuais de 18 milhões de pessoas a necessitar de ajuda são seis vezes mais do que no início da invasão russa, em 24 de fevereiro do ano passado, quando eram cerca de três milhões, na maioria concentradas nas frentes de batalha nas regiões de Donetsk e Lugansk, no leste: "É um número que se compara com as maiores crises humanitárias do mundo, é um número gigante".

Quase um ano depois, "temos 18 milhões no país inteiro e mais ou menos um terço estão nas áreas mais afetadas, no leste e no sul do país", cerca de 40% da população da Ucrânia que precisam de apoio para conseguir "a ajuda humanitária mais básica".

Segundo o funcionário brasileiro da ONU, que se encontra em Kiev, as necessidades são muito elementares -- água, comida, medicamentos -- para as pessoas que permanecem nas suas casas, sobretudo idosas que vivem em cidades "bombardeadas dia sim, dia não, ou dia sim, dia sim", e que não saíram porque não conseguiram ou não quiseram, e de sete milhões que estão deslocadas e precisam de abrigo. "É uma ajuda muito primordial mesmo para a sobrevivência de qualquer ser humano e é disso que 40% da população da Ucrânia precisa", reforçou.

Saviano Abreu recorda que "a população inteira da Ucrânia sofreu de alguma maneira ou de outra o impacto desta guerra", mas o sofrimento de muitas pessoas arrasta-se desde há nove anos, com o início na crise no Donbass, no leste, agravado com a invasão russa no ano passado, numa "situação dramática e urgente", que requer o apoio das organizações humanitárias e ajuda internacional.

Nas regiões mais atingidas, trata-se de pessoas que todos os dias "passam horas e horas e horas em refúgios subterrâneos, a fugir e proteger-se dos bombardeamentos, que não têm casa, água potável há meses, não têm acesso aos produtos mais básicos para a sobrevivência", porque os mercados foram destruídos, além de escolas e hospitais.

Saviano Abreu dá ainda conta de um "problema muito grande", relacionado com o acesso às zonas controladas pela Federação Russa.

Antes de 24 de fevereiro, existia uma resposta muito localizada nas regiões em conflito desde 2014, mas depois da invasão russa foi preciso "um trabalho enorme para conseguir expandir o trabalho na Ucrânia", e chegar a 14 milhões de pessoas no ano passado com ajuda humanitária.

"Mas pouco mais de um milhão dessas pessoas estavam em territórios sob o controlo da Federação Russa e não temos acesso a essas regiões da maneira que queríamos", lamentou, referindo que os movimentos da sua organização são limitados porque os camiões não conseguem cruzar a frente de batalha com os produtos de resposta humanitária.

"Isso não ocorreu nem uma só vez desde o dia 24 de fevereiro e, claro, isso dificulta muito o nosso trabalho naquelas regiões e faz com que as pessoas que estão nessas áreas não recebam o apoio que elas precisam", afirmou, salientando que essa é uma responsabilidade de Moscovo.

"É uma obrigação de qualquer país, inclusive da Federação Russa, de acordo com o direito Internacional humanitário, de prestar a ajuda necessária para a população que está em áreas que está naquele momento a controlar", destacou o porta-voz da OCHA, apontando a existência de informações de que alguma forma de ajuda está a ser prestada, mas impossíveis de verificar.

Para o responsável da organização, "uma ajuda humanitária independente, neutral nessas áreas é o que está a faltar, não importa quem não importa onde", mas que chegue às pessoas mais necessitadas com urgência, sem qualquer critério político ou militar: "Isso não podemos garantir hoje nas áreas sob controlo da Federação Russa", insistiu.

Em relação à intensificação dos combates no início do ano, sobretudo na província de Donetsk, a OCHA previa um aumento de deslocados, mas ele não se verificou: Esperávamos com a chegada do inverno também, não só com as batalhas, um êxodo maior de pessoas a sair dessas áreas, áreas que estão a sofrer mais com a falta de energia, com a falta de gás, com a falta de água, para o oeste do país, mas isso não aconteceu nos parâmetros ou no tamanho que esperávamos para esse período", revelou.

A movimentação de ucranianos é constante, mas longe dos números dos primeiros meses de guerra, com milhões de pessoas a fugir das suas casas para o estrangeiro ou regiões mais seguras do país, "mas essa não é a realidade que temos agora", apesar de continuar a haver quem ainda precise de fugir das áreas mais atingidas, outras que não podem voltar e que "também dependem de ajuda humanitária para sobreviver".

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