Uma jogadora de xadrez iraniana participou, na segunda-feira, numa competição internacional sem estar a usar o hijab, de acordo com a informação que foi entretanto avançada por meios de comunicação social iranianos, reporta a Reuters.
Segundo avançado pelos noticiários iranianos Khabarvarzeshi e Etemad, Sara Khadem terá competido no Campeonato Mundial de Xadrez Rápido e Blitz da FIDE (Federação Internacional de Xadrez) em Almaty, no Cazaquistão, sem o referido véu islâmico. A listagem de participantes do campeonato citado mostra que a atleta estava, efetivamente, no leque de inscritas.
Fotografias publicadas pelos referidos meios de comunicação social aparentam mostrar a atleta a competir, no referido torneio, sem o hijab na cabeça. O jornal iraniano Khabarvarzeshi, por sua vez, veiculou uma imagem de Sara Khadem com o véu colocado, embora sem explicar se a imagem foi ou não captada no referido evento.
Até ao momento, a jogadora de xadrez não ofereceu qualquer detalhe sobre as acusações ou sobre a sua prestação no torneio nas redes sociais. A Reuters disse ainda ter contactado diretamente a atleta - que, até ao momento, não ofereceu qualquer esclarecimento sobre o sucedido.
Sara Khadem nasceu em 1997 e está, neste momento, na 804.ª posição do ranking mundial de xadrez, de acordo com a informação veiculada no site da Federação Internacional de Xadrez.
Este trata-se do mais recente caso de atletas iranianas a competirem em provas internacionais sem o véu islâmico, cujo uso é obrigatório, segundo os rigorosos códigos de vestuário do Irão - num claro movimento de protesto contra as imposições do regime atualmente em vigor no país.
Tudo isto surge na sequência da morte da jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, no mês de setembro, quando estava sob custódia da polícia da moralidade por uso incorreto do hijab. Desde então, têm-se registado inúmeros protestos em território iraniano contra a liderança do país.
No decorrer dessas manifestações, morreram já mais de 500 pessoas, com outras 18 mil a terem já sido detidas pelas autoridades, segundo dão conta os números fornecidos pela organização não-governamental Iran Human Rights.
Leia Também: Casa de atleta iraniana que competiu sem hijab foi "destruída"