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Tropas russas estão a torturar dois padres detidos, diz Arcebispo de Kyiv

O arcebispo da Igreja Católica Grega de Kiev acusou hoje as autoridades russas de terem detido em novembro dois padres ucranianos na cidade de Berdyansk e estarem a torturá-los, indicou hoje a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Tropas russas estão a torturar dois padres detidos, diz Arcebispo de Kyiv
Notícias ao Minuto

19:19 - 12/12/22 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

Em comunicado, a fundação precisou que, segundo o arcebispo de Kiev, Sviatoslav Schevchuk, os padres Ivan Levitskyi e Bohdan Geleta, detidos a 16 de novembro pelas autoridades russas, estão a ser "torturados sem piedade"

"De acordo com os métodos clássicos de repressão estalinista, deles são extraídas confissões de crimes que não cometeram. De facto, os nossos dois heroicos pastores são diariamente ameaçados de morte sob tortura", afirmou o arcebispo da capital da Ucrânia, citado pelo Vatican News, o portal de notícias oficial multilíngue do Vaticano.

Esta denúncia mereceu já uma reação do presidente executivo internacional da Fundação AIS, Thomas Heine-Geldern, exigindo a libertação imediata dos dois sacerdotes e recordando, numa nota de imprensa que eles "nunca abandonaram os seus fiéis, apesar de todos os riscos que correram ao permanecer para confortar o seu povo e rezar pela paz".

"Responsabilizar padres por sabotagem e espionagem lembra as horas mais sombrias e os piores momentos dos regimes totalitários. Então, exigimos que as autoridades envolvidas libertem estes religiosos e tomem as providências necessárias. Pedimos também a todos os nossos benfeitores que rezem pelos padres Levitskyi e Geleta", afirmou Heine-Geldern.

A prisão dos dois sacerdotes mereceu duras críticas do Exarcado Católico Grego de Donetsk, que emitiu um comunicado, a 30 de de novembro, sobre a situação em que ambos se encontram, alertando "para o facto de quererem forçá-los a confessar que tinham armas na sua posse quando foram detidos".

No texto, enviado à Fundação AIS Internacional, argumenta-se que "tal confissão seria necessária para legitimar uma decisão judicial que dela resultaria, bem como a condenação ilícita dos dois padres".

Adverte-se ainda de que um dos sacerdotes, Bohdan Geleta, "tem uma doença crónica e precisa de tomar medicamentos específicos regularmente", e que "a prisão e a tortura" ameaçam "muito gravemente a sua vida".

Uma fonte local da Igreja Católica Grega ucraniana explicou à Fundação AIS que o padre Ivan Levitskyi rezava diariamente ao meio-dia com os crentes na Praça da Câmara Municipal de Berdyansk e que, a 16 de novembro, as autoridades pró-russas detiveram não só o sacerdote, mas também duas mulheres que ali estavam em oração, embora as tenham libertado pouco depois, e que, mais tarde, chegaram ao mosteiro e detiveram o segundo padre, Bohdan Geleta.

Segundo as forças leais a Moscovo, citadas no comunicado da Fundação AIS, sobre ambos os padres impende a acusação de que teriam escondidas armas e munições, bem como documentos e propaganda em língua ucraniana, e de que, entre tais documentos, estaria um mapa de um suposto plano de batalha, embora, na verdade, se tratasse de um mapa de 2015, que mostrava o percurso de uma Via Sacra.

O arcebispo de Kiev denunciou também que um terceiro sacerdote ucraniano tinha sido detido por forças russas, afirmando: "O padre Oleksandr Bogomaz foi levado à força por alguns soldados russos que entraram na paróquia após a celebração da missa em Melitopol, na região de Zaporijia, logo no início de dezembro".

Esse terceiro sacerdote foi posteriormente libertado e a sua libertação prontamente saudada pelo arcebispo, que acusou as forças russas de estarem a "perseguir os padres católicos gregos nos territórios ocupados", referiu ainda a Fundação AIS.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 292.º dia, 6.755 civis mortos e 10.607 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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