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Putin instaura lei marcial nos territórios ilegalmente anexados

O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou hoje a instauração da lei marcial nos quatro territórios ucranianos de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, anexados ilegalmente em setembro pela Rússia.

Putin instaura lei marcial nos territórios ilegalmente anexados
Notícias ao Minuto

13:38 - 19/10/22 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

Putin fez o anúncio da medida numa reunião do seu Conselho de Segurança, transmitida pela televisão.

O Kremlin (Presidência russa) publicou, depois, um decreto a anunciar a entrada em vigor da lei marcial nos quatro territórios a partir da meia-noite de quinta-feira.

No decreto, Putin dá também poderes adicionais de emergência aos líderes de todas as regiões da Rússia.

O Presidente russo não especificou, para já, as medidas que poderão ser tomadas sob a lei marcial.

O decreto dá três dias para os órgãos de aplicação da lei apresentarem propostas específicas e ordena a criação de forças de defesa territorial nas quatro regiões anexadas.

"Estamos a trabalhar para resolver tarefas em grande escala muito difíceis para garantir a segurança da Rússia e um futuro seguro, para proteger o nosso povo", disse Putin nos comentários divulgados pela televisão estatal.

"Aqueles que estão na linha de frente ou a receber instrução militar em campos de tiro e centros de treino devem sentir o apoio do nosso grande país", sublinhou.

A câmara alta do parlamento russo vai aprovar rapidamente, ainda hoje, a decisão de Putin.

O projeto de lei indica que pode envolver restrições a viagens e reuniões públicas, uma censura mais rígida e uma autoridade mais ampla para as forças de segurança para que seja cumprida a aplicação de lei.

Putin também não avançou pormenores sobre os poderes extras a serem dados aos chefes das regiões russas sob seu decreto.

"Na situação atual, considero necessário dar poderes adicionais aos chefes de todas as regiões russas", disse.

O Presidente russo também ordenou a criação de um Comité de Coordenação para aumentar a interação entre as várias agências governamentais para lidar com os combates na Ucrânia, que continua a designar como "operação militar especial".

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a ordem de Putin não prevê o encerramento das fronteiras da Rússia, informou a agência de notícias estatal RIA-Novosti.

A decisão de Putin surge poucas horas depois de as autoridades russas de ocupação na região de Kherson terem anunciado hoje que, na sequência do avanço das tropas ucranianas, já começou a retirada de civis da cidade, referindo que pretendem transferir mais de 50.000 pessoas.

Em reação, as autoridades ucranianas acusaram hoje a Rússia de "tentar assustar" os habitantes de Kherson ao organizar uma retirada de moradores desta importante cidade do sul da Ucrânia, localizada na região homónima e anexada por Moscovo em fins de setembro.

"Os russos estão a tentar assustar o povo de Kherson com falsas mensagens sobre um bombardeamento da cidade pelo nosso exército", acusou na rede social Telegram o chefe de gabinete da Presidência ucraniana, Andriï Yermak.

Para o chefe de gabinete do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a retirada da população de Kherson é um "espetáculo de propaganda [...] que não funciona".

"A transferência organizada de moradores para a outra margem do [rio] Dnieper começou em Kherson", avançou o chefe da administração de ocupação local, Vladimir Saldo, também na rede social Telegram.

"Está prevista a retirada de 50.000 a 60.000 pessoas para a margem esquerda do Dnieper", rio que faz fronteira com a cidade de Kherson, afirmou ainda.

A retirada, a uma média diária de 10.000 pessoas, deve demorar seis dias, acrescentou o responsável, citado por agências de notícias russas.

Segundo a agência Ria-Novosti, o administrador pró-russo da região, Yevgeny Melnikov, esclareceu, por sua vez, que as pessoas retiradas da zona deverão ser levadas para a Rússia.

A Rússia decidiu retirar a população de Kherson, onde as tropas de Moscovo enfrentam uma situação particularmente "tensa" face à contraofensiva de Kiev.

O general russo Sergey Surovikin, atualmente encarregado das operações na Ucrânia, admitiu que a situação continua "muito difícil" para as tropas russas na região sul e na cidade de Kherson, que tem estado a ser alvo de ataques ucranianos dirigidos às "infraestruturas sociais, económicas e industriais".

Kherson é uma das regiões ucranianas - a par de Donetsk, Lugansk e Zaporijia - que a Rússia declarou como anexadas depois da realização de referendos organizados por Moscovo e contestados pela Ucrânia e pela comunidade internacional.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano, desencadeando uma guerra que mergulhou a Europa naquela que é considerada a mais grave crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

Leia Também: Militares ucranianos destruiram 223 drones iranianos desde setembro

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