ONU considera "alarmante" intensificação do conflito pelas forças etíopes

As forças etíopes reconquistaram uma cidade estratégica após anunciarem a intensificação da ofensiva, levando a ONU a relembrar que o direito internacional classifica qualquer ataque direto ou indiscriminado à população civil como crime de guerra.

LALIBELA, ETHIOPIA - DECEMBER 22: A soldier of the Amhara Special Forces walks by Bete Giyorgis (Saint George) rock hewn church on December 22, 2021 in Lalibela, Ethiopia. Lalibela was liberated for the second time by Ethiopian National Defense Forces and

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Lusa
18/10/2022 11:55 ‧ 18/10/2022 por Lusa

Mundo

Etiópia

 

O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, descreveu os ataques perpetrados hoje, na região etíope de Tigray, como "alarmantes" e verificou que existem "numerosos relatos de baixas civis e destruição de alvos civis", após o Governo de Abiy Ahmed e a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) terem retomado os combates.

"O 'blackout' das comunicações torna particularmente difícil verificar esta informação, mas é evidente que o número de vítimas civis é completamente esmagador", afirmou Turk, numa nota em que também assinalou a morte recente de um trabalhador humanitário, que fazia parte de uma equipa que prestava assistência a mulheres e crianças.

O responsável dos direitos humanos, que iniciou o seu mandato na segunda-feira, receia que esta escalada de tensões possa "exacerbar seriamente o impacto das hostilidades sobre os civis", o que já é "devastador". 

Turk apelou, assim, para que aqueles que cometeram abusos sejam devidamente responsabilizados e sublinhou que os envolvidos no conflito devem estabelecer medidas para proteger os civis e permitir que a assistência humanitária chegue a todos aqueles que dela necessitam.

A calamitosa situação humanitária, que já tornou necessária a assistência a mais de nove milhões de pessoas no norte da Etiópia é, para o alto-comissário, "completamente inaceitável", pelo que exortou a todas as partes a concordarem com um cessar-fogo e a iniciarem um diálogo.

Na realidade, porém, as posições permanecem muito afastadas. O Governo etíope anunciou, na segunda-feira, uma nova ofensiva para recuperar o controlo das instalações federais, incluindo aeroportos, e alegadamente recuperou o controlo de uma localização estratégica nas últimas horas.

Com a ajuda das forças eritreias, os etíopes tomaram a cidade de Shire, que tem um aeroporto e está situada num cruzamento rodoviário que lhes permitiria avançar para outras áreas, tais como Axum e Adwa, e, até mesmo para a capital, Mekelle, de acordo com fontes citadas pela agência DPA.

O conflito na Etiópia estalou em novembro de 2020 após um ataque da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF) à base principal do exército em Mekele, na sequência do qual Abiy Ahmed, primeiro-ministro etíope, ordenou uma ofensiva contra o grupo, após meses de tensões políticas e administrativas.

A TPLF acusa Abiy de alimentar tensões desde que chegou ao poder, em abril de 2018, quando se tornou o primeiro oromo a tomar posse. Até então, a TPLF tinha sido a força dominante no seio da coligação governante da Etiópia desde 1991, a Frente Democrática Revolucionária Popular Etíope (EPRDF), de base étnica. O grupo opôs-se às reformas da Abiy, que considerou como uma tentativa de minar a sua influência.

Leia Também: Etiópia. António Guterres diz que situação está "fora de controlo"

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