A plataforma opositora, liderada pelo histórico ativista Ahmed Nejib Chebbi, 78 anos, também boicotou o referendo constitucional de 15 de julho passado e rejeita o roteiro político imposto pelo Presidente tunisino, Kais Saied, que governa com plenos poderes há mais de um ano.
Chebbi acusou o Presidente de elaborar "sozinho" a lei eleitoral que vai reger as próximas eleições, "como fez com a Constituição", submetida a referendo em julho passado e aprovada por maioria, mas com 70% de abstenção.
"A participação nas próximas eleições apenas será decorativa, apenas comparável ao que ocorria durante a época do ex-Presidente Zine El Abidine Ben Ali", declarou hoje em conferência de imprensa o líder da oposição.
Kais Saied decretou o estado de exceção em 15 de julho de 2021, demitiu o Governo e suspendeu o parlamento, que dissolveu em março passado, sob acusações de "golpe de Estado".
De seguida, alterou a composição da instância superior independente para as eleições (a Comissão Nacional de Eleições), convocou um referendo constitucional e formulou uma lei eleitoral que privilegia as listas uninominais em detrimento dos partidos, que considera "obsoletos".
O partido islamita Ennahda, primeira força política, o liberal Qalb Tounes (Coração da Tunísia), o democrata Al Amal (Esperança), a coligação ultranacionalista Al Karama e o Tounes Al Irada, fundado pelo ex-Presidente Moncef Marzouki formam esta coligação opositora designada Frente de Salvação.
A nova Constituição introduziu um novo órgão legislativo e divide o parlamento em duas câmaras -- uma assembleia de representantes do povo e um conselho nacional, regional e territorial --, mas segundo juristas citados pela agência noticiosa espanhola EFE debilita o seu papel em favor de um sistema de acentuado pendor presidencialista.
Leia Também: Partido da oposição na Tunísia volta a recorrer de referendo