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Repressão dos Talibãs é "sufocante" para as mulheres afegãs, diz Amnistia

O relatório da Amnistia Internacional agora divulgado documentou casos de tortura e de abuso face a mulheres que foram presas pelos Talibãs por protestarem contra as restrições aos Direitos Humanos no país.

Repressão dos Talibãs é "sufocante" para as mulheres afegãs, diz Amnistia
Notícias ao Minuto

10:47 - 27/07/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Talibãs

A vida das mulheres e raparigas afegã está a ser negativamente afetada pela repressão "sufocante" dos Talibãs desde que estes tomaram o poder há quase um ano, apontou a Amnistia Internacional num relatório divulgado esta quarta-feira, citado pela Associated Press.

Após a conquista da capital do país, Cabul, em agosto do ano passado, os Talibãs disseram ter moderado as suas posições face ao seu primeiro período governativo, nos anos 90. 

Porém, o governo inteiramente masculino que, entretanto, assumiu o controlo do Afeganistão veio a proibir as raparigas de frequentarem a escola a partir do sétimo ano, restringiu o acesso das mulheres ao mercado de trabalho e impôs a obrigatoriedade do uso da burca - vestimenta que cobre todo o corpo e deixa, apenas, a descoberto os olhos de quem a usa. 

Perante esta realidade, a Amnistia Internacional veio agora dizer que o Talibãs também dizimaram os mecanismos de proteção para todas as mulheres alvo de violência doméstica. E, por sua vez, que cresceu o número de detenções de mulheres e raparigas por causa de delitos menores, bem como a taxa de casamento infantil, precoce e forçado (até mesmo com membros dos Talibãs).

Este último aumento, segundo a Amnistia Internacional, é alimentado pela crise económica e humanitária vivida no Afeganistão e pela falta de educação e de perspetivas de emprego tidas por estas mulheres e raparigas. 

O relatório documentou ainda casos de tortura e de abuso face a mulheres que foram presas pelos Talibãs por protestarem contra tais restrições aos Direitos Humanos. Segundo os relatos destas detidas, terão sido alvo de espancamentos vários e de ameaças de morte.

"No seu conjunto, estas políticas formam um sistema de repressão que discrimina as mulheres e raparigas em quase todos os aspetos das suas vidas", pode ler-se neste relatório. "Esta repressão sufocante contra a população feminina do Afeganistão está a aumentar de dia para dia", concluiu o documento. 

Estas conclusões são resultado do trabalho realizado por investigadores da Amnistia Internacional sobre a situação no Afeganistão, que foi desenvolvido entre setembro de 2021 e junho de 2022. Foram entrevistadas 90 mulheres e 11 raparigas, entre os 14 e 74 anos de idade, por todo o país.

A Amnistia Internacional pediu ainda à comunidade internacional para que tome medidas para proteger as mulheres e raparigas residentes no Afeganistão. "Se a comunidade internacional não agir, estará a abandonar as mulheres e raparigas no Afeganistão e a minar os Direitos Humanos em todo o lado", apontou Agnès Callamard, secretária-geral da Amnistia Internacional, sobre este tema.

De recordar que os Talibãs apreenderam Cabul numa altura em que forças dos Estados Unidos da América e da NATO estavam a retirar-se do Afeganistão, terminando assim uma guerra de quase 20 anos contra a insurreição dos Talibãs. Uma tomada de posse que fez com que os norte-americanos e seus aliados cortassem milhares de milhões de euros em fundos de desenvolvimento destinados ao país, o que levou à queda da economia. 

Leia Também: Facebook fecha contas de meios afegãos controlados pelos talibãs

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