Comissão da Etiópia acusa soldados de queimarem um homem vivo

A Comissão Etíope dos Direitos Humanos (EHRC) acusou hoje as forças de segurança do Governo de queimarem um homem vivo na região do Tigray, num vídeo que gerou muita controvérsia.

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Lusa
08/07/2022 22:48 ‧ 08/07/2022 por Lusa

Mundo

Direitos humanos

"A execução extrajudicial de suspeitos (...) é uma grave violação dos direitos humanos e deve ser prontamente investigada para garantir a responsabilização", disse o responsável da EHRC, Daniel Bekele, num comunicado.

De acordo com uma investigação preliminar da comissão, os homens de uniforme que atearam fogo a uma pessoa no controverso vídeo eram soldados do exército federal e polícias das forças regionais de Benishangul-Gumz.

O incidente ocorreu em 3 de março na zona de Tekele, acrescentou o organismo, num comunicado enviado à agência Efe.

A comissão também confirmou o assassinato de pelo menos 20 agentes de segurança do Governo central um dia antes do incidente, o que levou os colegas da vítima a "brutais represálias".

Agentes de segurança revistaram a área à procura de possíveis suspeitos e torturaram vários habitantes locais, até que um deles admitiu ter participado nos ataques contra as forças federais.

Além do homem queimado vivo, informou o EHCR, os agentes de segurança também mataram outros oito residente na zona com as suas armas.

"Ver os funcionários governamentais, responsáveis pela aplicação da lei, cometerem estas atrocidades, irá corroer a confiança do público no Estado de direito e incitar a novas violações dos direitos humanos", lamentou Daniel Bekele.

O governo federal da Etiópia tem vindo a travar uma guerra com os rebeldes da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF) desde novembro de 2020.

O primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ordenou uma ofensiva contra a TPLF em retaliação a um ataque a uma base militar e na sequência de uma escalada das tensões políticas.

Desde finais de outubro de 2021, a FPLT conseguiu avançar para sul e ameaçou entrar em Adis Abeba, onde se localizada a sede da União Africana.

Os receios de que os rebeldes pudessem atacar a capital da Etiópia, o segundo país mais populoso de África e um importante aliado do Ocidente, reforçaram os esforços diplomáticos da comunidade internacional para alcançar uma solução negociada.

Em 11 de fevereiro, a representante especial da União Europeia (UE) para o Corno de África, Annette Weber, da Alemanha, lamentou que a Etiópia ainda esteja "longe" de encontrar uma solução pacífica para o conflito, embora os rebeldes tenham anunciado a retirada das suas tropas para Tigray e o Governo central tenha libertado vários rebeldes e prisioneiros políticos no final de dezembro.

Segundo a ONU, cerca de 5,2 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária no Tigray e nas regiões vizinhas de Amhara e Afar.

Milhares de pessoas foram mortas e cerca de dois milhões foram forçadas a fugir das suas casas devido à violência.

Leia Também: PM da Etiópia diz que "centenas" de agentes morreram pelo país

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