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Blaise Compaoré regressa após quase oito anos de exílio

O ex-presidente Blaise Compaoré, forçado a renunciar ao cargo por pressão popular, regressa na sexta-feira ao Burkina Faso após quase oito anos de exílio na Costa do Marfim, anunciaram fontes do partido do antigo líder.

Blaise Compaoré regressa após quase oito anos de exílio
Notícias ao Minuto

16:21 - 06/07/22 por Lusa

Mundo Burkina Faso

"Sim, o nosso líder regressa ao país", confirmou Ambroise Tapsoba, membro do partido do ex-presidente, o Congresso para Democracia e Progresso (CDP), e principal organizador dos comícios do ex-partido governamental, citado pela agência Efe.

Outra fonte próxima do ex-presidente, que voltou recentemente de Abidjan, capital económica da vizinha Costa do Marfim, onde Compaoré vive desde o exílio, confirmou a informação à agência noticiosa.

"Será nesta sexta-feira. O seu regresso estava previsto ainda a partir de agosto de 2021. Desta vez, estão reunidas as condições para que ele finalmente ponha os pés na terra dos seus antepassados", disse outra fonte, que solicitou o anonimato.

Segundo as fontes consultadas, o regresso não é definitivo e visa conversar com o atual líder que governa o país desde o golpe de janeiro passado, Paul Henri Damiba, e preparar um possível retorno definitivo.

O anúncio do regresso de Compaoré ocorre depois de Damiba ter-se reunido com o Presidente deposto em janeiro, Roch Marc Christian Kaboré, em audiência no dia 21 de junho, ocasião em que também esteve presente o ex-presidente burquinabê Jean-Baptiste Ouédraogo.

Da mesma forma, acontece logo após o ministro de Estado do Burkina Faso, Yéro Boly, ter anunciado na terça-feira o lançamento de um processo de reconciliação nacional a realizar "nas próximas semanas".

Blaise Compaoré governou o Burkina Faso desde a morte do ex-presidente Thomas Sankara, em 1987, até outubro de 2014, quando renunciou e se exilou na vizinha Costa do Marfim, após a agitação civil que ocorreu quando tentou rever a Constituição para continuar no poder após 27 anos.

Para evitar ser extraditado por causa de um mandado de detenção internacional emitido pelas autoridades de transição da época, o Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, naturalizou-o costa-marfinense.

Durante o histórico julgamento do assassínio de Thomas Sankara e 12 dos seus companheiros, ocorrido em Ouagadougou, capital de Burkina Faso, entre outubro de 2021 e abril de 2022, Compaoré foi considerado culpado "à revelia" e condenado a prisão perpétua.

Para o ativista Rasmané Zinaba, do Balai Citoyen, movimento da sociedade civil que contribuiu para a queda de Compaoré, o regresso "é, sem dúvida, a oportunidade para a justiça pegar no caso ou demonstrar que é uma instituição vazia, adequada para o caixote do lixo da história", declarou na sua conta na rede social Facebook.

Para outros burquinabês, o ex-presidente deve poder regressar ao país em nome da reconciliação nacional e contribuir para a luta contra o extremismo islâmico, que já causou o deslocamento interno de mais de 1,9 milhões de pessoas, segundo os últimos números do Governo burquinabê.

O Burkina Faso começou a sofrer os efeitos da violência do extremismo islâmico em abril de 2015, poucos meses após a saída de Compaoré, cujo governo mediava com os fundamentalistas o sequestro de ocidentais na região e tinha um acordo com eles para não atacarem dentro das suas fronteiras.

Em novembro de 2021, um ataque a um posto da Polícia Nacional, que causou 53 mortes (49 polícias e quatro civis) gerou grande descontentamento social que levou a fortes protestos exigindo a renúncia do Presidente Roch Kaboré.

Meses depois, em 24 de janeiro, os militares tomaram o poder num golpe - o quarto na África Ocidental desde agosto de 2020 - e depuseram Roch Kaboré.

Leia Também: Ataques jihadistas mataram pelo menos 22 pessoas em Burkina Faso

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