"Eles querem semear o caos, organizar manifestações, queimar bens, provocar o desastre para derrubar o Governo antes de 2027", data das próximas eleições presidenciais, disse Ruto durante uma viagem.
"Estamos num país democrático. Não podem dizer-nos que querem semear o caos e derrubar o Governo", acrescentou.
Na segunda-feira, dia da comemoração do Saba saba ('Sete, sete' em suaíli, em referência à revolta pró-democracia de 07 de julho de 1990), a polícia, mobilizada em grande número, bloqueou as principais vias de acesso a Nairobi, capital deste país da África oriental, cujas ruas estavam vazias.
Confrontos entre a polícia e os manifestantes eclodiram nos arredores da cidade, causando pelo menos 31 mortos, 107 feridos, dois desaparecimentos forçados e 532 prisões, de acordo com a Comissão Nacional de Direitos Humanos (KNCHR), uma instituição pública independente.
Várias figuras da oposição apelaram na terça-feira ao boicote de "todas as empresas, todos os serviços e todas as instituições detidas, exploradas ou publicamente ligadas a este regime" qualificado de "hostil".
"Não recuaremos, não nos renderemos", afirmaram, em conferência de imprensa.
Eleito em 2022 após ter feito campanha a favor dos mais desfavorecidos, o Presidente William Ruto enfrenta desde 2024 um vasto movimento de protesto contra a sua política económica. Em 25 de junho de 2024, no auge da contestação, manifestantes invadiram o Parlamento, levando a polícia a responder com tiros de balas reais.
Desde há um ano, o Quénia vive uma onda de manifestações, desencadeadas em junho de 2024 por uma lei orçamental controversa, criticada principalmente pelos jovens.
Essas manifestações foram duramente reprimidas pela polícia e causaram cerca de 100 mortes.
As organizações de defesa dos direitos humanos denunciam a responsabilidade da polícia pela violência, pela morte de manifestantes e por inúmeros desaparecimentos forçados.
A violência policial afetou a imagem do Quénia, país da África oriental com uma população de cerca de 55 milhões de habitantes.
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