Sadok Belaid, chefe da comissão encarregada de redigir a nova Constituição, apresentou o projeto que redigiu no passado dia 20 de junho, mas o Presidente da Tunísia publicou na quinta-feira uma versão completamente revista, estabelecendo um sistema que concede poderes muito amplos ao chefe de Estado.
Belaid, respeitado jurista tunisino, disse numa carta aberta publicada pela imprensa no passado domingo que a versão de Saied está longe de ser a que tinha sido elaborada, alertando que o projeto que vai ser submetido a referendo no dia 25 de julho pode "abrir caminho a um regime ditatorial".
Numa mensagem divulgada hoje pela Presidência da República, Saied defende-se afirmando que o projeto de Constituição publicado reflete "o que o povo tunisino expressou desde a revolução (de 2011) até 25 de julho de 2021, quando foi colocado no caminho certo".
Nessa altura e após meses de impasse político, Saied suspendeu o parlamento e demitiu o governo para assumir plenos poderes, abalando a frágil democracia do país onde começaram as revoltas da Primavera Árabe, em 2011.
O chefe de Estado rejeita, assim, as acusações de que a Constituição proposta abre caminho ao "regresso da tirania".
Kais Saied apelou ainda aos cidadãos para aprovarem o texto no referendo de 25 de julho, que coincide com o primeiro aniversário do seu golpe.
"Digam 'Sim' para seja evitado o declínio do Estado, para que os objetivos da revolução se concretizem e para acabarmos com a miséria, o terrorismo, a fome, a injustiça e o sofrimento", acrescentou.
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