"Nove homens, entre os 21 e os 41 anos" foram presentes a um juiz de instrução na quinta-feira e acusados "nomeadamente de homicídio qualificado, ferimentos involuntários, colocação de outras pessoas em risco de vida, associação criminosa e ajuda à entrada ilegal, circulação e residência irregular" de migrantes, precisou a mesma fonte, citada pela agência francesa de notícias AFP.

"Cinco dos acusados foram mantidos sob custódia e quatro sob supervisão judicial", acrescentou.

Segundo uma fonte próxima do dossier, os nove acusados são suspeitos de estarem envolvidos - como motoristas, traficantes ou responsáveis pelo aluguer de casas - numa rede de migração ilegal afegã ligada ao naufrágio.

Uma décima pessoa já tinha sido indiciada e detida na quarta-feira, na sequência da investigação judicial.

Um total de 15 pessoas - 13 homens e duas mulheres -- foram detidas no domingo e na segunda-feira, como revelaram o jornal Le Parisien e a rádio RTL.

Cinco foram libertadas sem acusação nesta fase.

Vinte e sete migrantes, com idades entre os sete e os 46 anos, morreram, em 24 de novembro do ano passado, no naufrágio de um barco insuflável em Calais, no norte de França, quando tentavam chegar ao Reino Unido.

Entre as vítimas encontravam-se 16 curdos do Iraque, um curdo do Irão, quatro afegãos, três etíopes, uma somali, um egípcio e um vietnamita.

Apenas dois homens, um curdo iraquiano e um sudanês, foram resgatados.

Este naufrágio, o mais mortífero desde que os migrantes começaram a recorrer de forma massiva à travessia do Canal da Mancha para alcançar as costas britânicas, reacendeu as tensões entre a França e o Reino Unido.

Segundo o Ministério do Interior francês, as tentativas de travessia ilegal do Canal da Mancha "explodiram" no primeiro semestre de 2022, após já se ter atingido um recorde em 2021.

Entre 01 de janeiro e 13 de junho de 2022, foram registadas "777 travessias e tentativas de travessias em 'pequenas embarcações', envolvendo 20.132 pessoas, ou seja, mais 68% do que no período homólogo de 2021", adiantou o ministério.

No ano passado, essas tentativas de travessias, geralmente em barcos insufláveis, atingiram um recorde, com 52.000 pessoas a tentar e 28.000 migrantes a conseguirem chegar à costa britânica, de acordo com dados do Ministério do Interior divulgados em janeiro.

As autoridades marítimas indicaram que um total de 38 migrantes morreu em 2021 quando tentava chegar a Inglaterra por mar, a partir da costa norte da França, incluindo 27 no naufrágio de 24 de novembro.

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