Mudança de regime já não está na "lista" de Putin, diz Finlândia

O Presidente finlandês, Sauli Niinistö, afirmou hoje numa entrevista à estação televisiva CNN que o Presidente russo, Vladimir Putin, parece ter desistido de uma mudança de regime em Kiev, como um dos objetivos da sua guerra na Ucrânia.

Sauli Niinisto, Finland's president, meets with U.S. President Joe Biden, not pictured, in the Oval Office of the White House in Washington, D.C., U.S., on Friday, March 4, 2022. The presidents are set to discuss Russia's attack on Ukraine and its impact

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Lusa
14/03/2022 20:18 ‧ 14/03/2022 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

Niinistö, interlocutor frequente de Putin nos últimos anos, reuniu-se novamente na passada sexta-feira com o seu homólogo russo, no âmbito dos esforços europeus para manter abertos os canais diplomáticos.

"Putin tem a sua lista, todos sabemos", afirmou o chefe de Estado do país nórdico, num excerto dessa entrevista transmitida pela CNN International.

"Mas parece que mudar o Governo na Ucrânia já não está na lista", afirmou.

A Ucrânia declarou na sexta-feira temer um cerco a Kiev e prometeu uma "defesa implacável" da sua capital contra as tropas russas, que estão a bombardear o sul do país. Mas o Governo liderado pelo Presidente Volodymyr Zelensky aguentou-se firme até agora.

Questionado sobre as intenções atribuídas a Putin de instalar em Kiev um regime vassalo de Moscovo, o Presidente finlandês falou da sua mais recente conversa com o Presidente russo, na sexta-feira.

"Ele foi muito claro quando lhe perguntei: 'Desistiu dessa exigência?' E respondeu-me: 'Nunca a tive'", relatou Niinistö.

Os verdadeiros objetivos de Putin nesta guerra permanecem uma das grandes incógnitas das discussões diplomáticas.

A par do Presidente francês, Emmanuel Macron, e do chanceler alemão, Olaf Scholz, o Presidente finlandês foi um dos raros interlocutores europeus de Vladimir Putin nos últimos dias.

A Finlândia, vizinha da Rússia, desempenha tradicionalmente um papel de diálogo entre o Ocidente e Moscovo. Na sexta-feira, Niinistö também se reuniu com o chefe de Estado ucraniano.

Hoje, o apoio dos finlandeses a uma adesão do seu país à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte) atingiu um novo recorde histórico, após a invasão russa da Ucrânia, ultrapassando pela primeira vez os 60%, segundo uma sondagem do Instituto Talustutkimus.

Dos inquiridos, 62% dizem-se a favor da adesão à aliança militar ocidental, ao passo que só 16% se opõem e 21% estão indecisos, de acordo com esta sondagem.

Há duas semanas, uma sondagem semelhante obteve pela primeira vez na história do país nórdico uma maioria absoluta (53%) a favor da adesão à NATO, um salto de quase 25 pontos percentuais, após a invasão da Ucrânia ordenada a 24 de fevereiro por Putin, que fez pelo menos 636 mortos e 1.125 feridos entre a população civil, segundo a ONU, e causou já a fuga de 4,8 milhões de pessoas, 2,8 milhões das quais para os países vizinhos -- a pior crise na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Apesar desta subida inédita, o Governo finlandês reiterou -- como a vizinha Suécia - que não tem qualquer projeto de adesão imediata, apesar de terem decorrido significativas consultas das forças políticas nos últimos dias.

Há anos que Moscovo ameaça Helsínquia e Estocolmo com "graves consequências políticas e militares" em caso de adesão à Aliança Atlântica, uma advertência novamente repetida esta fim de semana.

O Presidente finlandês pediu aos seus concidadãos para manterem "a cabeça fria" quanto a esta questão, indicando que está a ser elaborado um relatório sobre as vantagens e desvantagens de uma adesão e que a decisão final caberá ao parlamento.

Na Suécia, a opinião pública também virou subitamente para uma maioria a favor da adesão à NATO.

A sondagem finlandesa foi realizada pela internet junto de uma amostra representativa de 1.378 pessoas maiores, entre os dias 09 e 11 de março, com uma margem de erro de 2,5 pontos percentuais.

A Suécia e a Finlândia são oficialmente países não-alinhados, embora sejam ambas parceiras da NATO desde meados da década de 1990 e tenham "virado a página" da sua neutralidade no final da Guerra Fria.

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