Justiça turca decide manter na prisão o ativista Osman Kavala
A justiça turca decidiu hoje manter na prisão o ativista político turco Osman Kavala, que se encontra sob custódia sem julgamento há mais de quatro anos, apesar das ameaças de sanções feitas pelo Conselho da Europa.
© Getty Images
Mundo Osman Kavala
Um tribunal turco decidiu hoje, na quarta audiência do caso, manter o ativista e filantropo sob custódia, marcando a próxima audiência do caso para 21 de março, informou o jornal turco Hürriyet.
Kavala, detido desde outubro de 2017, é acusado de espionagem, terrorismo e tentativa de derrubar o Governo devido à sua participação em protestos antigovernamentais.
A Turquia recusa-se a aplicar uma decisão datada de 2019, na qual o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) afirmou que a detenção do reconhecido empresário e filantropo turco não é justificada, exigindo que fosse libertado.
Os juízes europeus consideraram que a prisão não se baseou numa suspeita razoável de que o ativista tenha cometido um crime, indicando que o objetivo desta detenção é de silenciar o ativista e "dissuadir outros defensores dos direitos humanos".
Osman Kavala, de 64 anos, nega todas as acusações, recusando-se a participar nas audiências e a defender-se diante das autoridades turcas.
Em outubro passado, Kavala disse que não há possibilidade de um julgamento justo após o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter declarado que "bandidos, assassinos e terroristas" não seriam libertados.
O Conselho da Europa, um organismo internacional não dependente da União Europeia (UE) e que inclui a Turquia, anunciou em 03 de dezembro um procedimento judicial contra Ancara pelo incumprimento sistemático da deliberação do TEDH, e que poderá implicar sanções contra o país euro-asiático.
Erdogan acusou repetidamente Kavala de estar ao serviço do milionário norte-americano George Soros, fundador da Open Society Foundations, uma entidade que apoia financeiramente grupos da sociedade civil em todo o mundo.
Kavala foi inicialmente acusado de tentar derrubar o Governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita conservador e no poder desde 2003) ao financiar os protestos do parque Gezi em Istambul, epicentro dos protestos antigovernamentais que em 2013 agitaram a Turquia.
Foi absolvido nesse processo, mas imediatamente a seguir foi acusado de envolvimento no fracassado golpe de Estado de 2016 e de espionagem, acusações que os seus advogados consideram fictícias.
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