Delegação da CEDEAO prepara visita ministerial ao Burkina Faso

Uma delegação de responsáveis militares da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) chegou ao Burkina Faso, um dia depois de o país ser suspenso da organização, devido ao golpe militar da semana passada.

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©  Lassana Bary/Twitter

Lusa
29/01/2022 22:12 ‧ 29/01/2022 por Lusa

Mundo

Burkina Faso

"A delegação chegou a Ouagadougou esta manhã, já realizou uma sessão de trabalho à porta fechada e não está prevista nenhuma declaração", noticia a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), citando uma fonte de segurança.

De acordo com esta fonte, a delegação da CEDEAO é composta por representantes do Benim, do Togo e do Gana e é chefiada pelo Comissário para a Paz e Segurança da CEDEAO, o diplomata beninês Francis Behanzin.

A visita desta delegação serve para "avaliar a situação antes da chegada da outra missão, na próxima semana", acrescentou a fonte citada pela AFP, referindo-se à delegação ministerial da CEDEAO que deverá chegar à capital do Burkina Faso na segunda-feira.

Na altura da decisão da suspensão, na sexta-feira, a CEDEAO exigiu a libertação do presidente destituído, Roch Marc Christian Kaboré, que se encontra em prisão domiciliária, bem como de outros altos funcionários presos, disse à AFP um participante na reunião, sob condição de anonimato.

A próxima cimeira estudará os relatórios destas missões e decidirá se devem ser impostas mais sanções, à semelhança do que aconteceu com o Mali e a Guiné-Conacri, países igualmente suspensos pela CEDEAO após os militares terem tomado o poder.

Na quinta-feira à noite, no seu primeiro discurso desde que assumiu o poder na segunda-feira, o novo homem forte do Burkina, tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, afirmou na televisão nacional que o seu país "precisa dos parceiros mais do que nunca".

Damiba disse compreender as "dúvidas legítimas" suscitadas pelo golpe, e assegurou que o Burkina Faso "continuará a respeitar os seus compromissos internacionais, particularmente no que diz respeito ao respeito pelos direitos humanos".

O líder militar disse ainda que a independência do poder judicial será "assegurada".

Damiba comprometeu-se igualmente com o "regresso [do país] à vida constitucional normal", "quando as condições estiverem reunidas", mas não deu a conhecer qualquer agenda nesse sentido.

A insurreição militar começou no domingo em vários quartéis no país, incluindo na capital burquinabê, Ouagadougou, a seguir a uma manifestação que fez sair à rua milhares de protestantes contra a insegurança criada pela violência de vários grupos extremistas islâmicos e pela incapacidade das forças armadas do Burkina Faso responderem a um problema que se agrava desde 2015, precisamente o ano da chegada de Kaboré ao poder.

O MPSR começou por anunciar a dissolução ou suspensão das instituições da República, bem como o encerramento das fronteiras aéreas do Burkina Faso, mas estas foram reabertas logo na terça-feira, tal como as fronteiras terrestres para certos produtos, o que parece indicar que a junta militar no poder não tem medo de um "contra-ataque" e está a controlar os vários corpos do exército.

Paul-Henri Sandaogo Damiba concluiu o discurso ao país esta quinta-feira com um lema bem conhecido da população burquinabê, atribuído ao presidente que deu ao país o seu atual nome, Thomas Sankara: "Pátria ou morte, nós venceremos".

Logo no ano seguinte à sua chegada ao poder, Sankara mudou o nome do país, numa tentativa de enterrar com as insígnias da República do Alto Volta a herança do poder colonial francês. O país de Sankara passou a chamar-se República Democrática e Popular do Burkina Faso, que significa "país do povo honesto".

Sankara, um líder progressista e ícone pan-africano, foi morto em 1987 por um golpe de Estado instigado por "irmãos de armas", que estiveram ao seu lado na independência do Burkina Faso, incluindo Blaise Compaoré, o seu sucessor, hoje com 70 anos, a viver na Costa do Marfim, onde está exilado desde que foi derrubado, em 2014.

O julgamento dos assassinos de Sankara, que começou em outubro de 2021, foi suspenso pelo golpe de Estado, mas será retomado na próxima segunda-feira.

Leia Também: Enviado especial da ONU visita Ouagadougou em "missão de boa vontade"

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