CEDEAO. Malianos manifestam-se contra sanções e a França e saúdam Rússia
Milhares de pessoas manifestaram-se hoje em Bamaco contra as sanções impostas pela organização regional CEDEAO à junta militar no poder, num protesto com palavras de ordem de apoio à Rússia e rejeição da França, antiga potência colonial.
© Reuters
Mundo CEDEAO
A concentração, em que participaram representantes políticos a favor do governo da junta militar, também reuniu representantes religiosos e da sociedade civil.
Sob um calor sufocante de 40 graus, provocando problemas de desidratação em várias pessoas, a concentração começou com uma oração comunitária que ocupou vários quilómetros da Avenida da Independência, na capital maliana.
"Vergonha na CEDEAO, vergonha na França", "Não à traição e conspiração do neocolonialismo" e "A França de Macron, cúmplice dos 'jihadistas'" foram algumas das palavras de ordem entoados na manifestação, onde foram vistas bandeiras russas, um país que apoia a junta militar.
O primeiro-ministro do Governo de Transição, Choguel Maiga, participou no protesto, e na intervenção perante os manifestantes saudou "Rússia e China, que se opuseram ao embargo ilegítimo e ilegal contra o Mali", e também "o povo argelino" pelo "seu infalível apoio" e "a muito discreta Mauritânia", países que chamou de "irmãos e amigos".
As sanções impostas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e pela União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) incluem o encerramento das fronteiras e a suspensão do comércio com o Mali, bem como o bloqueio das contas dos membros da junta militar.
O Governo maliano controlado pelos militares lançou na segunda-feira um apelo à população para manifestar o seu apoio às autoridades saídas do duplo golpe de Estado, face às sanções.
O Governo pediu ainda às autoridades religiosas que organizem orações em todos os locais de culto.
O líder da junta, coronel Assimi Goïta, que chegou à liderança do Mali através de um primeiro golpe de Estado em 2020 e entronizado Presidente de transição após um segundo golpe em maio de 2021, exortou os malianos a "defenderem a pátria".
A CEDEAO decidiu no domingo, numa cimeira extraordinária em Acra, congelar as contas dos membros da junta militar do Mali nos bancos regionais, retirar os embaixadores dos países-membros da organização acreditados em Bamaco e suspender todas as transações comerciais com o país, com exceção de bens de primeira necessidade.
As novas sanções da CEDEAO são uma resposta à intenção do Governo do Mali de prolongar o período de transição por até cinco anos, o que significa adiar a data das eleições acordadas para 27 de fevereiro, consideradas um marco na recuperação da legitimidade constitucional após os dois golpes militares.
O embargo sobre as trocas comerciais e as transações financeiras suscita preocupações quanto ao seu impacto num país pobre e afetado pela violência e pela pandemia de covid-19.
O Mali enfrenta uma crise de segurança desde 2012 em resultado da emergência de vários grupos 'jihadistas' afiliados à Al-Qaida ou ao Estado Islâmico, que aproveitaram as debilidades do Estado maliano para se instalarem no terreno, alargando a área da presença em toda a região do Sahel.
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