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Sudão: Militares não se opõem às consultas da ONU

O chefe da missão das Nações Unidas no Sudão, Volker Perthes, disse hoje que a cúpula militar que perpetrou o golpe de Estado em outubro "não se opõe" à sua iniciativa para resolver a crise.

Sudão: Militares não se opõem às consultas da ONU
Notícias ao Minuto

16:59 - 10/01/22 por Lusa

Mundo Volker Perthes

Numa conferência de imprensa em Cartum, a capital do Sudão, Perthes renovou o seu apelo aos vários setores da sociedade civil deste país africano para que se envolvem na iniciativa, que será promovida pelas Nações Unidas, e que consiste em amplas consultas com vista à concretização do plano de paz.

"Chegou a altura de parar com a violência no Sudão e entrar num processo consultivo para completar o período de transição", disse Perthes, notando que a ONU atuará como "facilitadora das consultas entre os homens e as mulheres sudanesas para alcançar um consenso nacional".

O enviado das Nações Unidas a este país africano disse, citado pela agência espanhola de notícias, a Efe, que a cúpula militar "não se opõe" a esta iniciativa, apesar da oposição do Partido Comunista e da partido Congresso Nacional, do antigo ditador Omar al Bashir, cuja deposição em 2019 deu início a um processo de transição, depois de 30 anos de autoritarismo.

Perthes assegurou, ainda assim, que a sua missão escuta as exigências dos manifestantes sudanesas, que não apoiam um pacto com os militares, mas "ninguém disse que não à ONU, por isso as iniciativas podem ter êxito".

No entanto, uma ativista dos comités de resistência do Sudão, que têm convocado protestos contra o golpe de Estado, diz que os manifestantes rejeitam a iniciativa das Nações Unidas de lançar um "processo político intra-sudanês" para resolver a crise política.

Em declarações à Lusa por telefone a partir de Cartum, Gihan Eltahir disse que os manifestantes que têm saído às ruas desde o golpe de Estado de 25 de outubro têm enviado "uma mensagem clara à comunidade internacional e à ONU": "Não é isso que os sudaneses querem, é exatamente o oposto do que a rua quer".

Na conferência de imprensa, Perthes disse ainda que enviará convites oficiais às forças políticas interessadas na iniciativa para dar início às consultas, sobre as quais informará o Conselo de Segurança da ONY na próxima reunião.

No sábado, a ONU anunciou esta iniciativa de mediação no Sudão, e logo no domingo vários grupos opositores do golpe de Estado convocaram uma manifestação, da qual resultaram pelo menos dois mortos, dezenas de feridos e quase 90 detidos.

Os sudaneses têm ido para as ruas de maneira frequente para exigir o regresso de um governo civil, mas a repressão por parte das forças de segurança já provocou, até agora, a morte de 63 manifestantes.

O Sudão vive um impasse político desde o golpe militar de 25 de outubro de 2021, que ocorreu dois anos após uma revolta popular, protagonizada já então pelos comités de resistência, para remover o autocrata Omar al-Bashir e o seu Governo islamita em abril de 2019.

Sob pressão internacional, os militares reinstalaram em novembro o primeiro-ministro deposto no golpe, Abdalla Hamdok, para liderar um Governo tecnocrata, mas o acordo não envolveu o movimento pró-democracia por detrás do derrube de Al-Bashir.

Desde então, Hamdok não conseguiu formar Governo perante protestos incessantes, não só contra o golpe de Estado, mas também contra o seu acordo com os militares e acabou por se demitir em 02 de janeiro.

Leia Também: Sudão: Forças de segurança dispersam manifestantes com gás lacrimogéneo

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