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Vitória de Lula na primeira volta das eleições no Brasil é muito difícil

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera com folga as sondagens sobre as eleições presidenciais do Brasil previstas para outubro de 2022, mas dificilmente venceria a disputa na primeira volta, avaliaram analistas consultados pela Lusa.

Vitória de Lula na primeira volta das eleições no Brasil é muito difícil
Notícias ao Minuto

09:08 - 19/12/21 por Lusa

Mundo Brasil

Duas sondagens sobre intenção de voto divulgadas recentemente por institutos de referência, DataFolha e Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), indicaram que Lula da Silva tem 48% das intenções de voto, condição que seria suficiente para elegê-lo já na primeira volta se o pleiro fosse hoje.

O bom desempenho do ex-presidente nas sondagens tem sido recorrente desde que recuperou os direitos políticos ao ter duas condenações judiciais contra si anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, os investigadores sociais Rodrigo Augusto Prando e Ricardo Ismael avaliaram que os números mostram uma fotografia do momento e muitos fatores podem mudar até os brasileiros irem às urnas.

Prando admitiu que uma vitória de Lula da Silva na primeira volta seria possível, mas destacou que desde 1989 a força partidária do ex-presidente, o Partido dos Trabalhadores (PT), que já governou o país quatro vezes, nunca venceu o pleito nacional na primeira volta.

"Nesta história das eleições brasileiras, desde 1989, o PT nunca conseguiu ganhar na primeira volta. Ele foi derrotado duas vezes no primeiro turno", disse Rodrigo Augusto Prando, referindo-se às disputas com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Embora o cenário de uma vitória na primeira volta possa acontecer, acredito que mais próximo das eleições o ex-presidente Lula da Silva tenha também contra si um peso mais forte da rejeição daqueles eleitores que não votam de maneira nenhuma no PT", acrescentou Prando.

Ricardo Ismael frisou, por sua vez, que o país está a 10 meses das presidenciais e o voto do cidadão comum só deverá consolidar-se a partir do segundo semestre de 2022.

"Estamos muito distantes do momento da decisão do voto, claro que as sondagens devem ser feitas, mas não sabemos ainda exatamente quem serão os candidatos e ainda não chegou o momento em que esta discussão [sobre as eleições] vai chegar na mesa do bar, no trabalho, nos debates na televisão", destacou o especialista.

Ismael reforçou que a tendência que se vem mantendo em 2021 dá vantagem expressiva ao ex-presidente Lula da Silva, mas tudo indica que o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, deverá procurar a reeleição e as sondagens apontam que mantém entre 20% e 25% das intenções de voto.

Para o especialista, Bolsonaro tem de facto uma hipótese real de estar numa segunda volta, mas seria um candidato frágil, facilmente batido devido à enorme rejeição que tem do eleitorado no momento.

O Datafolha informou que 59% dos entrevistados declararam que não votariam no atual Presidente brasileiro, enquanto o Ipec destacou que 55% dos brasileiros disseram que não votarão nele.

A sondagem do DataFolha indicou que Bolsonaro tem atualmente 22% das intenções de voto, enquanto o Ipec apontou ao governante a preferência de 21% dos eleitores.

Sobre as chances de Bolsonaro crescer no próximo ano, Prando lembrou que um programa de transferência de rendimento chamado Auxílio Brasil, criado pelo Governo para substituir o Bolsa Família, pode ajudá-lo a ganhar capital político.

Mas o especialista avaliou que o atual Presidente precisaria mudar o seu discurso e ações e se mostrar não como um candidato da extrema-direita, mas como um político do centro, o que crê ser muito difícil dado o histórico do governante.

"É possível, mas acho difícil que Bolsonaro consiga reverter a perda de sua popularidade", vincou.

Questionados sobre os outros adversários que podem competir no pleito, os dois especialistas lembraram que a chamada "terceira via" composta atualmente por nomes como o ex-governador Ciro Gomes, o governador de São Paulo, João Doria, e o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, não conseguiu ainda conquistar o apoio do eleitorado que declara não querer nem Lula da Silva nem Jair Bolsonaro no Governo.

Prando salientou que a "terceira via" é uma esperança para um terço da população que deseja fugir dos candidatos populistas, mas ainda precisa se consolidar.

"Tanto Bolsonaro quanto Lula da Silva se enquadram num conjunto de atributos que são atributos de populistas. É muito difícil num cenário em que há duas figuras com carisma -- que é o caso de Lula da Silva e o de Bolsonaro -- numa sociedade conectada às redes sociais, que faz com que tenhamos uma valorização de qualquer discurso polarizador ou violento, um candidato moderado ganhar projeção", destacou Prando.

Já Ricardo Ismael concluiu reforçando que Lula da Silva está consolidado, mas fatores e candidatos novos podem aparecer e mudar totalmente o atual cenário eleitoral.

O especialista destacou, porém, que mesmo fragilizado devido à má avaliação que tem o seu Governo, "se houver muitos candidatos disputando o eleitor que nem quer Bolsonaro nem quer Lula da Silva, provavelmente Bolsonaro disputará a segunda volta já que a fragmentação evita que algum deles ultrapasse o atual Presidente na corrida eleitoral".

Embora seja o favorito para ganhar as eleições de outubro de 2022, Lula da Silva, que foi chefe de Estado entre 2003 e 2011, tem dito que só vai decidir sobre a candidatura em março.

Leia Também: Lula continua na liderança para Presidente e sobe rejeição a Bolsonaro

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