O Presidente chinês, Xi Jinping, e líderes de Singapura, Indonésia, Vietname e Tailândia participaram numa videoconferência em que o ecrã de Myanmar (antiga Birmânia) apareceu vazio, segundo as imagens da cimeira divulgadas pelos governos da Tailândia, Malásia e Camboja.
Os países da ASEAN acordaram em outubro não convidar líderes da junta birmanesa para a cimeira anual de líderes do bloco que também integra Myanmar, devido ao incumprimento dos acordos celebrados em abril para encontrar uma solução para a crise desencadeada pelo golpe de estado de 1 de fevereiro.
Desconhecia-se até hoje se Pequim, que preside à reunião, iria convidar um representante da junta militar, após uma delegação chinesa ter visitado Myanmar na semana passada.
A China e a Rússia são os únicos supostos aliados da junta birmanesa, que enfrenta fortes condenações e sanções internacionais após ter tomado o poder do Governo democrático de Aung San Suu Kyi.
Em abril, os líderes da ASEAN, incluindo o líder da junta militar, Min Aung Hlaing, chegaram a um acordo de cinco pontos, incluindo o fim da violência contra civis, um diálogo entre todos os partidos para alcançar uma solução pacífica, e o acesso ao país para um mediador da ASEAN.
No entanto, a junta birmanesa disse pouco depois que não implementaria os acordos até que o país fosse "pacificado", prosseguindo na detenção de civis que se opõem ao regime.
No início de outubro, o enviado especial da ASEAN a Myanmar, o diplomata Bruneian Erywan Yusof, cancelou uma viagem ao país devido a restrições de acesso impostas pelo comando militar, o que não lhe permitiu encontrar-se com a líder deposta, Aung San Suu Kyi.
Os parceiros da ASEAN decidiram então vetar os representantes da junta na cimeira regional virtual de 28 de Outubro devido a progressos "insuficientes" nos acordos e os líderes militares decidiram não enviar ninguém.
Esta é uma decisão sem precedentes da ASEAN, que até agora tem seguido uma política de não-interferência nos assuntos internos dos membros.
Nos quase nove meses desde o golpe, pelo menos 1.291 pessoas morreram em resultado da repressão policial e dos soldados que chegaram a disparar para matar civis desarmados, de acordo com a Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP), enquanto a junta afirma que os números são irrealistas.
A AAPP também alegou que as autoridades militares prenderam mais de 10.300 pessoas, incluindo Suu Kyi e vários membros do Governo, e julgaram 414 pessoas, incluindo 118 à revelia, tendo decretado 65 sentenças de morte.
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