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Mais de 100 mil crianças em Tigray em risco de desnutrição aguda grave

Mais de 100.000 crianças na região de Tigray, no norte da Etiópia, vão sofrer de desnutrição aguda grave no próximo ano, dez vezes o habitual, devido ao conflito que se arrasta desde novembro, anunciaram hoje as Nações Unidas.

Mais de 100 mil crianças em Tigray em risco de desnutrição aguda grave
Notícias ao Minuto

16:38 - 30/07/21 por Lusa

Mundo Etiópia

A estimativa foi anunciada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), numa conferência de imprensa em Genebra.

"À medida que a UNICEF chega a áreas de Tigray que eram inacessíveis nos últimos meses devido à insegurança, confirmam-se os nossos piores receios acerca da saúde e bem-estar das crianças nesta região conturbada do norte da Etiópia", afirmou a porta-voz da agência da ONU, Marixie Mercado, após regressar de uma missão ao país africano, noticia a agência Efe.

A UNICEF mostrou-se também preocupada com a atual situação de mulheres grávidas e lactantes, sendo que quase metade delas sofrem de desnutrição aguda, podendo levar a complicações na gravidez e ao aumento do risco de morte materna e o nascimento de bebés com baixo peso.

"O que tenho visto é uma confluência de condições que põem em risco a vida das crianças. Em muitos lugares não há fornecimento de alimentos terapêuticos necessários para tratar a desnutrição, não há antibióticos, e as instalações de saúde não têm eletricidade. Além disso, as crianças não foram vacinadas durante meses", acrescentou a porta-voz.

A fome continua a alastrar-se no norte da Etiópia, uma vez que as regiões vizinhas de Tigray, Afar e Amhara, foram também atacadas devido à expansão do conflito, tendo muitas culturas sido destruídas e lojas de alimentos pilhadas.

A ONU pediu o acesso sem restrições à região, em particular para o transporte de combustíveis, dinheiro, equipamento de telecomunicações e materiais necessários para transações financeiras.

"A resposta é posta em causa pela interrupção dos serviços de comunicações e por falhas de energia generalizadas. O acesso humanitário é o maior desafio", referiu o porta-voz da Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), Jens Laerke.

Segundo a OCHA, para fazer face à deterioração da situação alimentar na Etiópia, são necessários 500 camiões com ajuda na capital regional, Mekele, todas as semanas, mas apenas 50 conseguiram alcançar a capital desde o final de junho.

Até agora, a circulação de pessoal e material só tem sido possível através de uma rota na região de Afar, o que requer a passagem por muitos postos de controlo, onde os trabalhadores de ajuda humanitária são interrogados, intimidados ou detidos.

Laerke assinalou que as operações em Tigray são "extremamente perigosas" e que 12 trabalhadores já morreram no conflito.

A OCHA reconheceu que a declaração de um cessar-fogo em 28 de junho melhorou o acesso a Tigray, mas sublinhou que este continua a ser "extremamente difícil".

Em 01 de junho, o Programa Alimentar Mundial da ONU advertiu que um total de 5,2 milhões de pessoas, mais de 90% da população de Tigray, necessita de assistência alimentar de forma urgente devido ao conflito.

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a TPLF, o partido eleito e no poder no estado.

O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF, partido que controlou a Etiópia durante quase 30 anos.

No entanto, os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.

Em 28 de junho, Adis Abeba anunciou um cessar-fogo unilateral, aceite, em princípio, pelas forças de Tigray.

Leia Também: PAM avisa que ficará sem alimentos para distribuir na Etiópia em 3 dias

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